Meu clichê adolescente

É estranho como eu me fiz. Na adolescência nunca tive um relacionamento, nem um "crush" e também nunca soube se eu era "crush" de alguém. Por isso nunca sofri por ninguém.

Mas aí, depois dos 20, me pego chorando por alguém, e não importa o quanto eu tenha crescido, não importa as coisas que já enfrentei, a dor de um término está sendo uma das que mais me machucou.

Acredito que quando crescemos nos tornamos mais exigentes por já sabermos daquilo que nos agrada ou não. E se você tiver se feito só, crescido numa certa individualidade como eu, se torna um desafio se dividir com alguém e dificilmente agirá como um bobo apaixonado, por mais que você ame.

Acho que choro agora por não ter conseguido me moldar por alguém, e não ter conseguido encaixar na minha vida alguém além de mim. Acho que choro por nunca ter conseguido dizer que amaria aquela pessoa eternamente por já saber que tudo pode acabar. Choro por não ter conseguido amar cegamente e ter controlado demais coisas que deveriam ser livres. Choro por ter me deixado prender e esquecer como lidar com a minha solidão agora.

Pela primeira vez percebi que uma vida a dois é tão bom quanto uma vida só, mas que ambas te machucam quando chegam sem aviso prévio. Sei que escolhemos as pessoas com quem nos relacionamos, mas não escolhemos amar. E mesmo que você continue só, uma parte de você já se dividiu, uma parte sua se entregou aquela pessoa mesmo você se recusando a isso.

Nunca me vi como uma romântica, nunca imaginei uma vida a dois. E agora sofro por ter dito "eu te amo" e também por ter ouvido, e descoberto como é bom. É quente, acolhedor, cômodo e lindo por mais triste que é.

Agora entendi os clichês sobre amor e os pratiquei também. Não consigo revirar os olhos em histórias de amor, porque agora elas se encaixam na minha vida.

O que me resta agora é esperar a ferida se fechar e me readaptar a minha liberdade.

maria paula da silva lima
Enviado por maria paula da silva lima em 24/02/2020
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