Abrir mão
Deus está no todo e em tudo, mas acima de tudo, Deus está no nada. O sábio conhece Deus, pois conhece o nada e nada sei.
Nada sei. Nada penso. Nada julgo.
E fugimos do nada. Temos medo dele, mas nada é Deus. O sábio abre mão da reflexão, da opinião, do julgamento, da busca, da respiração. Abrir mão de entender, de não entender. Abrir mão de viver, de morrer, de sentir, de não sentir, do prazer, da dor, da busca. É um devir de abrir mão ad infinito. E tudo ainda estará la, se movendo, como um filme mudo em câmera lenta. Ou um filme barulhento em câmera rápida. Mas agora o todo múltiplo se torne uno.
Abrir mão de seus pecados, do que você fez ou não fez. Do que você tera que fazer. Do que você comeu ou deixou de comer.
O suicida é apegado ao vazio e morre por ele.
O sábio abri mão do vazio, abre mão da vida do eu pessoal e por isso vive.
Sentiu vergonha, abriu mão
Sentiu orgulho, abriu mão
Sentiu ansiedade, abriu mão.
Sentiu paz, abriu mão.
Sentiu contentamento, abriu mão
Sentiu a iluminação e abriu mão
Sentiu raiva por não conseguir abrir mão e abriu mão.
Abriu mão do resultado de abrir mão.
E no auge de abrir mão, virá uma sensação. Abra mão também dessa sensação.
Então a sensação aumenta. Abra mão de querer entender isso.
Então você se tornou o observador que abriu mão de ser observador.
Então o Ser sem pensamentos observa o turbilhão de pensamentos.
E pela primeira vez você não é seus pensamentos. Pela primeira vez você está vendo, ouvindo e vivendo.