TERRA DOS AFLITOS

19 de fevereiro de 2020

20:49

Tenho me perguntado se certas ocasiões são reais ou se estou imaginando, sonhando… talvez nem mesmo esteja vivo, talvez meu corpo esteja dentro de um freezer em algum lugar. Ou seja um pó num jarro em frente a mesa de jantar de meus pais.

Tanta gente sobe e desce essa ladeira que acabam por perder a face… Mulheres, homens, crianças, velhos, casais… Depois da chuva a luz de um poste se apaga e tudo fica parecendo meio avermelhado lá fora… Como se o próprio ar que se respira tivesse sido respingado de hidrocor.

Senti que havia um grupo de pessoas subindo e quando resolvi olhar, vi uma pessoa puxando da perna. Uma idosa com a perna enfaixada… Tive a sensação de ver e de estar com minha avó em… basicamente todos os dias em que a vi. Ela não era bem-humorada, pois sentia dor. Mas era uma matriarca e jorrava amor e cuidado por todos os seus poros. Eu não queria que ela tivesse morrido tão cedo, por motivos egoístas. Não queria, porque só agora eu tenho capacidade de conhecê-la, entendê-la e conversar com ela, mas ela se foi há muitos anos. Mas… é isso, enfim… talvez eu não esteja aqui. Talvez eu nunca tenha vindo a Lençóis, sei lá.

Às vezes me sinto um espírito que caminha durante a noite, e as pessoas que podem me ver e falar comigo são outros espíritos ou médiuns tentando não me deixar aflito. Só que tudo nos Lençóis é aflito… e quem não vê aflição em Lençóis, talvez esteja por demais a fazer sinal de “Paz e Amor” em direção ao lado oposto da dor…

Tudo aqui é aflito… e bonito… e aflito… e bonito.