Tudo é Arte?
(i) O nada, sabemos, não é. E espacialmente não há o nada num espaço onde há qualquer coisa. O nada absoluto e substancial, portanto, parece inexistir, pois até no vácuo há algo: Espaço vazio. A consciência entretanto, só pode conceber as ideias a partir daquilo o que sua Forma-Limite permite abstrair da realidade, portanto, em algum nível, o nada de fato, existe.
(ii) O tudo é a contingência de todas as coisas, a totalidade do que é cognoscível(e também do que não é) forma o que temos por “tudo”. O tudo não pode ser apontado categoricamente, isso porque não conhecemos e não nos é permitido conhecer tudo, visto que a potencialidade do conhecimento se limita à nossa forma. Não podemos dizer, por exemplo, que todos os gansos são brancos, porque não conhecemos e não conseguiriamos conhecer todos os gansos, ou que todos os chimpanzés têm pelos, pois não conhecemos todos os chimpanzés. Podemos somente fazer uma conclusão lógica, que embora pareça plausível não temos como saber se ela corresponde à realidade dos fatos, pois não conhecemos a totalidade dos fatos, como aponta Karl Popper.
(iii) O tudo, sendo a contingência de todas as coisas, pode incluir até mesmo o conceito do nada.
(iv) “Tudo é arte” é uma frase que comumente se usa para definir o que é a arte, atribuindo artisticidade a todas as coisas. A frase no entanto cai em contradição ao percebermos que se tudo é arte então nada também pode ser. E por excelência, nada não pode ser arte, visto que se arte for “nada” haverá uma banalização do fazer-artístico em detrimento do esgotamento da conceituação daquilo o que é arte. Arte portanto, não pode ser tudo, mais especificamente, arte não pode ser “qualquer coisa”, tendo em vista a necessidade da manutenção do conceito de arte para o norteamento do fazer-artístico.