VELHICE
Escolhemos as pessoas com as quais gostamos de passar nosso tempo, enquanto outra providência escolhe nossos pais, nosso lugar de nascimento e assiste em nosso destino.
Observamos com o passar do tempo, que as coisas na vida das pessoas idosas se tornam relativas e mais estreitas à medida que seus movimentos se tornam mais restritos, aparentando debilidade, isolamento e até solidão. Às vezes, se dedicam e falam sobre seus animais domésticos, seus jardins e afazeres simples, coisas que normalmente não prestamos a mesma atenção, transparecendo que estão meio confusos, perdidos e solitários. Mas, tais coisas para eles representam mais do que sentimos. Contudo, pode ser que não estejam tão perdidos ou solitários quanto parecem.
Nossa presença é nossa primeira língua, e se torna um benefício para eles, pois precisam falar sobre seus feitos e coisas para fazer. Assim, apenas sentando com eles, é algo de grande valor, principalmente numa vida cheia de dor e sofrimento. Não devemos usar esse tempo precioso orientando eles a se cuidarem melhor. Pois, a resposta de Deus não é para nos explicar onde erramos, mas nos tornar unidos em propósito, como sua palavra que habitou entre nós.
A partir do aparecimento repentino de dores e os momentos mais importantes, relatos lendários de tradição oral sobre o envelhecimento estão sendo desmistificados, pois, a idade não nos leva, necessariamente, a uma vida de letargia e infelicidade. Ao propiciar à ação pacificadora do tempo desassociar as ilusões da realidade, para algumas pessoas, quanto mais elas vivem, mais bela a vida se torna. Pois, quando o riso se torna atemporal, a imaginação perde a idade e os sonhos se perpetuam, é a vida em nossos anos que importa! Assim, nos reinventamos e inventamos o futuro, sem viver pelo calendário, porque uma vida boa é longa o suficiente.