LUTO
Todos os dias, vemos ou ouvimos dizer dos que partem deste mundo, é lei da vida: nascer, crescer, florir, frutificar e morrer. Alguns se vão mal nasceram, não cresceram; florir ou frutificar não é dado a todos, mas morrer “é a única certeza da vida”.
Uma rosa preta, uma lágrima escorrendo são figuras representativas da dor nas redes sociais. Seguem as condolências aos que “perderam” pais, filhos, irmãos, avós, tios, pessoas queridas.
Como se perde alguém se não somos donos de ninguém? Cada ser é um e ninguém gosta de ser tratado como propriedade do outro. Parece frio demais dizer assim, mas é fato. “Apenas partiram antes de nós...”, é certo, pois todos iremos um dia e, dependendo da crença de cada um, o destino a ser traçado depende da vida que se teve aqui.
O pranto é inevitável diante da fatalidade, contudo, acredito ser mais por autopiedade do que pelo fim da vida. Se há fé de que o outro foi para “um lugar melhor”, “deixou de sofrer”, “foi morar com Deus”, então por que chorar tanto? Na verdade, pensa-se em como será a vida sem aquela pessoa ali presente em carne e osso, ainda que inconscientemente, daí o sofrimento, a dor cujo tamanho é proporcional ao amor que sentimos pelo ser que se vai.
São vários os sentimentos, as razões que levam ao pranto e apenas aqueles que passam pela experiência do luto pode dizer deles. Todavia, a única perda que se tem é a de si mesmo, do tempo que poderia ter sido vivido com intensidade e que em momentos assim tem um peso imenso e quase que insuportável.