07/02 integrado ao 08/02/2020
Acordei afoita por você, mais do que nunca.
Fui trabalhar e então a dor continuou.
Fiz amizade com uma colega de trabalho desde o primeiro dia que cheguei na empresa, o nome dela é Carol. Uma pessoa maravilhosa. Sei que ultimamente não tenho merecido tanto, mas ando precisado de pessoas. Carol me ligou ontem pra falar sobre o que tinha acontecido comigo e eu desabei a chorar e falei pra ela coisas que nem eu sabia que estava acontecendo comido. Era como se a minhas ideias bloqueassem a minha mente, em campos distintos, sabe?
Eu chorei, não só pelo diagnóstico ainda que precoce, chorei pela dor que estava sentindo naquele momento, chorei de cansaço, chorei porque juntou tudo o que tenho passado, pelo sentimento de ter fracassado, chorei porque você não estava ali e isso fez todo sentido. Eu tenho passado por muito há mais de um ano. Na verdade, tenho passado por muito durante muitos anos, desde que comecei a ter um entendimento claro das coisas, sabe? Sempre foi muito difícil lidar com tudo, e sei que você nunca entendeu muito isso. Você até se esforçou; mas, como poderia entender algo que não vivia, que não sentia na pele? Era algo muito diferente e controverso da sua criação e mais, da sua realidade.
Voltando a ligação, me expus com Carol. Gosto de conversar com ela. Nunca nos conhecemos pessoalmente, e além do fato de que me sinto à vontade para falar com ela, não sinto nenhum tipo de julgamento da parte dela. Ela consegue me mostrar as coisas como elas são sem jogar isso na minha cara, sem me ferir.
Eu disse a ela o quanto foi ruim, receber mais uma negativa diária e ter que passar por isso sozinha. Eu estava preocupada em aparentar estar bem para que não influencie no meu trabalho. Nesse momento tão diferente que estou passando, não quero perder mais nada, simplesmente por fraquejar. Não posso perder mais isso.
Eu me preocupei também que, se eu precisar fazer a cirurgia e ter que me ausentar do trabalho, como Suzana (minha chefe) veria tudo isso. E tudo isso meche muito comigo.
Então Carol me disse o quanto é importante agora que eu tenha equilíbrio mental para lidar com tudo agora. Pois influencia em como vou receber as próximas coisas.
Em seguida falei com Soraia e ela foi tão gentil comigo. Eu não sei como lidar com tanto, é como se depois do ocorrido eu fosse indigna. Não sei se é sobre como eu me sinto, como interpretei a situação ou se é a realidade. Não consigo distinguir bem as coisas. É como se eu estivesse me perdendo dentro de mim e precisando de um gatilho para reorganizar minhas ideias.
Voltei para o trabalho, ainda com dor, nada que eu tomasse passava, tive enjoos, tonturas, suava frio, dormência nas pernas, sensibilidade nas pernas, tudo o que minha ginecologista disse que poderia ter. Me pergunto se todos os problemas que já havia apresentado algumas vezes, se estariam ligados a isso. Não sei se você se lembra bem de todas as vezes, mas que me senti mal, das vezes que tive sensibilidade nos seios e tive que ir ao médico, ou do problema que tive no ano passado. Será que a médica tinha certeza de supor uma simples inflamação?
Estou preocupada, não quero que precise operar. Ainda tenho que esperar o resultado de alguns exames e realizar um procedimento na próxima semana que vai constatar se trata de um cisto que pode ser retirado com tratamento ou se precisarei operar. Em resumo, existem dois caminhos um cisto normal ou o que a médica pensa que pode ser, um hemorrágico (esse precisa tirar).
Ontem depois do trabalho, a dor estava tão intensa que fui ao Agenor. Precisava tomar algo mais forte que dipirona. Mais uma vez estava ali, sozinha, tendo que ser furada novamente para medicação e você sabe bem como detesto fazer isso sozinha. Por fim, a dor passou. Fui para o ponto de ônibus quase 23:00 e advinha? Eu simplesmente utilizei as 6 passagens do dia e então eu estava na rua. Seria cômico se não fosse trágico, mandei mensagem pra Paulo para ver se ele podia chamar um UBER no cartão dele e o cartão dele está bloqueado. Isso mesmo! Não consegui falar com mais ninguém e quase te ligava, mas já era tão tarde e eu não quis te incomodar. Também não adiantaria muito, duvido que você me levaria em casa.
Consegui convencer minha tia a ir para o ponto de ônibus me esperar chegar, peguei um ônibus e fiquei na parte da frente.
No dia de hoje (08/02/2020) ...
Acordei meio introspectiva. Tomei meu banho, acendi minha vela de 7 dias, para o que pedi para você e me deitei de novo para tentar assistir um filme. Vi um filme massa “O limite da traição” e, em uma das cenas onde a protagonista principal descobre que seu marido a roubou eu tive um choque de realidade. É como se eu me colocasse, literalmente, em seu lugar. Foi estranho. Eu pude ver, através de você e analisar todo o ocorrido. Eu te roubei. Mesmo que indiretamente, o que importava não era só isso. Eu magoei você e parti seu coração. Isso fez com que eu me sentisse uma cretina.
Durante esses 5 meses, por mais que eu achasse que entendia você, eu só achava que entendia. Eu fui injusta, ingrata.
Mas isso não significa que eu não o mereça.
Tudo o que pensei hoje, me fez rever tudo o que aconteceu. Mas me fez repensar, também toda a nossa história, de todos os ângulos. Por um momento enquanto via aquela cena de filme, eu me igualei aquele cara e imagino que se você assistiu, também fez referência a mim. Mas refleti também sobre o fato de se tratar de situações diferentes, não querendo justificar o feito, é claro! Mas o ator daquele filme era um homem ruim e se aproveitou daquela mulher.
Eu não fiz isso com você. Eu errei, mas eu não sou uma pessoa ruim.
O que ocorre, é que depois de tudo o que aconteceu, eu não soube reorganizar bem minhas ideias e acabei te culpando pelo que houve.
Você é um bom homem. E eu sou uma boa mulher. Sempre fomos perfeitos juntos, mesmo com tantos defeitos. Eu sempre estive ali, em todas as ocasiões. Eu nunca desisti de você, nem do nós. Mesmo que o que pese seja a questão de que, se igualarmos o meu erro aos erros distintos que já tivemos, você não consiga entender ou se sinta injustiçado (E você tem toda razão nesse momento). O que sempre quis colocar aqui é que, eu sempre precisei de você, em variadas situações e você também sempre precisou de mim. Contudo, como seres pensantes totalmente fora da curva, não vemos da mesma forma e entramos em conflito. Quero pautar agora para você tudo o que eu quis que você percebesse:
• Eu o amo.
• Você me ama.
• Somos cheios de defeitos.
• Em 7 anos de relacionamento, entramos em diversos conflitos. Contudo, continuamos ali.
• Às vezes, por algumas situações você achava que desistia de mim. Mas eu sempre ia até você. Uma dessas situações ocorreu, quando, na primeira vez que você foi me pedir em namoro para minha mãe, ela quase fez você desistir de mim, fazendo com que você pensasse de que eu era uma menina ruim, defeituosa e indigna. E eu, pela primeira vez, provei o contrário para você. Porque eu o queria. Porque para mim, você era a salvação. Eu queria receber aquela benção.
• O que quero que veja, é além do erro.
• Eu sempre estive aqui.
• Sempre fui boa para você.
• Sempre estive aqui, porque entendia perfeitamente o que era aquela missão.
• Eu entendia o quanto você me fazia bem e o quanto eu o completava.
• Apesar da dor que te causei, eu preciso de você e preciso consertar as coisas que fiz.
• Durante muitos anos precisei de um norte na minha vida, de como seguir, do que seria e você chegou para me ensinar muitas coisas.
• Quero que se questione se, mesmo com uma falta tão grave, o quão bom esse relacionamento foi para mim?
• Como fui feliz? Ou não?
• Eu posso continuar perdido e ela vivendo a vida dela ou podemos consertar.
• O quanto ela me amou e cuidou de mim; o quanto que eu a amo e a cuidei. Por que deixar tudo se acabar se podemos refazer tudo?
“Eu só queria te lembrar
Que aquele tempo eu não podia fazer mais por nós
Eu estava errado e você não tem que me perdoar
Mas também quero te mostrar
Que existe um lado bom nessa história
Tudo que ainda temos a compartilhar.”
“Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difí¬cil eu sem você
Porque você está comigo o tempo todo.”
Foi tão bom falar com você hoje e tão triste.
Eu fiquei feliz, por que depois de tanto tempo pudemos ter um contato por mais de 1 hora. Mas o que é 1 hora perto de dias? Perto do tempo que perdemos nestes 5 meses separados?
E eu quis que você estivesse ali, mais uma vez, quando desligou. Precisava de você.
Depois era só o nada.
A dor.