06 de fevereiro de 2020
Esta foi uma noite difícil. Sonhei com você, mas não quero falar sobre o sonho. Acordei no meio da madrugada com uma crise de pânico. Não conseguia respirar, não conseguia falar, sentia-me angustiada e só conseguia chorar. Voltei a dormir.
Ao acordar, fui bem cedo para o médico e o que parecia ser pedra no rim, foi diagnosticado como um cisto no ovário esquerdo. Não um cisto comum, um cisto aparentemente hemorrágico (para variar) com 5,31 cm em um ovário medindo 6,3 cm (parece grande, não é mesmo?). Perdi um dia de trabalho alternando entre a clivale e o Agenor. Foi um dia em tanto. A médica disse que as dores, são oriundas da ovulação que normalmente não dói, mas por conta do cisto eu terei que lidar com elas. E talvez eu precise operar. Semana que vem vou fazer mais alguns exames e depois vou confirmar essa questão da cirurgia.
Eu chorei, chorei porque já está sendo muito difícil tudo. Me sinto frustrada, por tudo, pelas dívidas, por está só. E agora mais essa. Vou ter que passar por mais essa.
Por falar em dor, ela está aqui, agora. As duas estão; O “ciclo” e a do cisto. Em pensar que, em outro tempo você estaria agora, aqui, junto com a dor. Mas seria só uma dor, e esta seria de menos.
Tenho sido forte. Muito forte! Mas tem sido muito difícil lidar com tudo e estar sozinha.
Durante o dia tive uma outra crise de pânico. Lembrei de coisas da minha infância, situações doloridas, coisas que a minha mãe passou e você sabe que me refiro a toda aquela barra pesada de marido drogado, vida frustrada e tudo mais. Lembrei de mim, tão pequena e já tendo que ser forte, segurando o mundo nas minhas mãos tão pequenas. Me lembro de quando prometi para eu ser forte, para sempre. Que não me sujeitaria a mesma situação. Me prometi felicidade, me prometi achar um homem que me amasse e que fosse mais que um amigo, que fosse um pai (quem diria que uns anos depois acharia você).
Como se eu estivesse em uma câmara do tempo, eu avancei uns 8 anos e me vi aos 12, mais uma vez, tentando ser forte, trabalhando duro, porque minha mãe estava quebrada e sem trabalho. Fui trabalhar, bem nova. Prometi que de fome a gente não morreria. Fui forte!
1 ano depois dessa situação, te conheci e você me desmontou. Me mostrou que eu não precisava ser aquela muralha, que não precisava ser tão forte, porque você estava lá agora e você seria forte por nós. E você foi. Tomou o meu julgo para si e me cuidou como uma filha. Você fez tudo isso sem reclamar e o melhor de tudo, involuntariamente. Só porque era de você ser forte e me proteger. Era você que estava no meu destino, foi por você que aguentei 13 anos de muita dor. E depois você chegou. E, ah!! como eu poderia não te amar?
Agora estou aqui, numa cama quente, sem você. Me afogando nas minhas próprias lágrimas. Escrevendo como se você pudesse ler isso, ou me ouvir. Porque essa, foi a melhor forma de te trazer para perto (na minha mente, é claro!)
Vai ser difícil sem você, porque você está comigo o tempo todo. (Vento no litoral)