RESVALAR...

Não consigo vistas, nem ouço perfeitamente as vozes que me projetam suas tão reais e doces expectativas... Agora sou o volume de todas as observações; sou os milhões de olhares que me veem passar, dos que me encontram e sorriem na magia quase inaudível e que se entregam, aos meus ouvidos, em gritos de sussurros genuínos desse exato momento e dessa renovação de um tempo totalmente capaz de se furtar...

É o processar imediato e reflexivo que sacrifica a própria unidade e se torna humano e visceral nas coletividades das vulnerabilidades desse carnaval que já é de amanhã... É o som que te empurra ao corpo, tudo que te enreda a vida e faz a letra, sorrindo-a, fixar mutuamente o cantar dessas todas emoções tão vivas...

Individual nitidez descompassada dos meus sonhos, que extraordinário de mim trouxeste como um patrimônio acessível das novidade de ti num esbarrar de encantamento alheio?

E aos versos que proponho enquanto sou unitariamente essa multidão de mãos que me tocam, como um apoio ao desequilibrar natural e etílico dos ritmos, e que se resvalam demoradamente nessa minha nudez tão sensorial, racional e relativa, digo-lhes: Quanta humanidade ainda há em mim enquanto sinto passar a multidão...