Gestos que Curam

Recentemente assisti ao filme A Cura (1995) que conta a história de um garoto portador do vírus da AIDS e por esse motivo vive isolado de todo o restante do mundo, inclusive das crianças de sua idade, já que na época o preconceito era muito maior e a falta de informação sobre a enfermidade alimentava os inúmeros e infindáveis boatos. No entanto, seu vizinho começa uma amizade com ele e, mesmo contrariados, vão até ao fim com essa relação. [Sugiro que a partir desse momento, caso queira assistir ao filme, pule para o próximo parágrafo]. Ambos os garotos se aventuram na busca pela cura da AIDS, infelizmente não conseguem e o portador falece. A mãe do falecido agradece ao amigo do filho pelo companheirismo dos últimos dias e diz que aquele gesto trouxe certa cura, certo alívio, àquele que ambos amavam.

Através desse filme tão emocionante e inspirador podemos tirar várias lições, grandiosos aprendizados, mas uma reflexão que vale a pena destacar é a de que a amizade sincera e genuína é capaz de curar dores, aliviar ferimentos e consolar as almas abatidas, ofuscadas pelos tormentos do mundo. No filme alguém se desveste de preconceitos lhe incumbidos, desfaz-se de ideias mal formuladas e decide acolher, conhecer, abraçar e até lutar por aquele que precisa. Nesse gesto tão humano e libertador, uma amizade forte é construída, aquele que se desvestiu dos conceitos que ditaram como corretos teve a sorte de conhecer um amigo leal, um alguém que ofertou dias melhores, que lhe permitiu conhecer o significado do amor que devemos uns para com os outros, um alguém que certamente deixaria saudades.

Por razões bobas, por pensamentos intolerantes, abrimos mão de nos envolvermos com pessoas especiais que fariam a diferença no nosso viver, que nos ofertariam o prazer de ter um amigo sincero, alguém em quem confiar, com quem poderíamos contar. Não necessariamente você precise viver a vida que vivem, como ninguém pode ser obrigado a viver exatamente de acordo o seu ideal de vida, mas que mal há em saber conviver com os nossos semelhantes respeitando as nossas diferenças? Há pessoas necessitadas de cura. Um simples abraço ou uma reconfortante palavra bastam para que muitos alcancem alívio e prossigam na caminhada. Você aceita fazer parte desse exército que espalhará amor?