O florista
[6/2 15:01] Nath🐾: eu estava nas últimas, delirando! Nem podia mais sentir as pernas e meu corpo debatia-se com frequência, anunciando que alma já estava entediada de estar ali. Mesmo assim, ali, eu permanecia desgostosa com o rumo com o qual conduzirá minha vida até aquele momento.
De repente um frio me percorreu a espinha, não haviam saídas de ar naquele quarto , mas eu o sentia vivo e quando fechei meus olhos, lá estava eu! Outra vez naquela rodoviária, lembro-me de ter de passar pela praia, uma saída lateral do shopping onde ficavam vários comerciantes, almofadas, fitas e bijouterias, aquele lugar tinha de tudo!
E eu sempre me despedia de você um pouco mais a frente, na plataforma 12, adentrava com você naquele lugar barulhento e não saia de lá até ter certeza de te ver subir no ônibus, risos, acho que era o meu lado preocupado falando. Ou talvez fosse só o medo de não ter ver de novo ou a vontade de aproveitar aquele tempo, pouco tempo que nos tínhamos, antes de te ver somente na próxima semana.
Eu me lembro que o ônibus demorava mais do que o necessário para sair, as vezes ficávamos ali longos minutos, nos admirando e conversando sob sinais pelo vidro da janela, mesmo depois do motorista já ter subido e se indireitado em seu posto, não importava! O silêncio do seu rosto triste em saber que sentiria saudade e a certeza que eu tinha de ser amada já eram o bastante para mim.
Então, finalmente o ônibus dava a partida e eu já não tinha mais palhaçadas para fazer, deveria sentir vergonha ao me expor ao ridículo daquela maneira, dançando feito uma louca ao pé da janela do ônibus, eu não sentia, eu sentia orgulho e paz e ao ver as costas do ônibus, um pesar, uma falta, nada racional, mas mesmo assim eu seguia a minha rota , passando novamente pela praia e pelo velho florista, que vendia suas rosas, rosas vermelhas quase que em frente ao shopping.
Lembro de várias vezes passar por ele e pensar : Na semana que vem eu compro uma dessas rosas pra ela!
Mas eu nunca o fiz, um gesto simples e carinhoso, eu só passava e acenava para o florista sem nome, sem rosto na minha cabeça, eu teria mais tempo, eu poderia usar o pouco dinheiro que tinha pra te levar no cinema, mas só agora, no fim , me desperto em pensamento, não posso voltar no tempo, estou falecendo, os anos passaram, as rotas mudaram, nem sei se aquele ônibus ou o florista ainda existem, nem sei se me importo, não quero me importar.
Há...mas se eu pudesse retornar aquele ponto,
[6/2 15:04] Nath🐾: se eu pudesse te comprar uma daquelas flores, se eu pudesse ser ridícula de novo, não posso, mas então, pq agora? pq esse pensamento me assombra a mente em meio a tantas memórias, eu escolhi essa para me despedir ? Eu acho que nunca sai dali, sempre estive te esperando com um buquê inteiro de flores murchando e a certeza de não te veria mais.