Daqui de dentro - Perdoar

Eu não sei perdoar e isso dito assim sem floreios, pode parecer muito cruel e até soberba, mas é um fato inegável sobre a minha natureza essencial mais bruta e com o qual eu tenho que conviver desde sempre reaprender a lidar a cada nova situação.

Me sinto muito incomodada com que seja este tal perdão sacrossanto e místico de que as pessoas falam e que vejo como algo banalizado na vida cotidiana.

O exercício que faço quando alguém pratica qualquer ato contra mim que me magoe, é tentar entender as motivações daquela pessoa: o que eu posso ter feito que a levou a ter raiva ao ponto de querer me ferir? Neste exercício, eu julgo não só a postura daqueles que me causaram mal ou me agrediram, mas também a minha... Foi a forma mais justa que achei até agora de lidar com mágoas, rancores, indignações e desentendimentos.

Se eu encontro estes motivos, as razões pelas quais alguém quis me fazer mal, eu consigo compreender as atitudes destas pessoas e mais: consigo perceber onde eu também estou errando e tudo se torna aprendizado para que eu reflita e altere em mim o que deve ser alterado... A partir disso, se houver alguma chance de reconciliação, ela irá acontecer naturalmente, mas eu sei que isso não dependerá somente de mim, então eu não forço e deixo o tempo fazer o seu trabalho. O tempo é o maestro da mais perfeita obra musical do Universo: a Vida.

Caso eu não encontre as tais razões... A história não serve para nada: eu não vou aprender nada e nem vale a pena pensar a respeito, simplesmente esqueço e deixo tudo seguir... O maestro saberá reger a orquestra da Vida.

Eu não sei perdoar, eu não sei desculpar... Eu só sei tentar compreender e aprender.

Renata Vasconcelos