Nosso riso

O que fica no vazio que chegamos ao final de cada risada que damos quando o fazemos juntos?

É que eu já percebi uma linha de atração minha por ti quando chego neste estado de silêncio. Me lembrei quando por algum motivo rimos juntos e então um vazio quase que imperceptível se esbouça no ar, quiçá serei perfeita ao narrar esse momento como se ele fosse assim quase que infinito mas na realidade sua duração é de segundos ou menos que isso.

Muito concentrados na conversa, chegamos no ápice do diálogo. Muito embora haja mais que um momento crucial no roteiro de nossa prosa, o silêncio pós-riso acontece somente uma vez ainda que por horas conversemos. Poderia definir tal acontecimento como um átomo tomando formas no ar. Sabemos de sua existência mas em poucas vezes o notamos ou talvez nunca. A ordem ou quem começa a rir primeiro não mesmo importa tanto assim. As vibrações de nossas risadas se intrelaçam e dançam num ritmo bom de maneira que me faz perceber e sentir quão bom é para meus ouvidos captar os sons que de dentro de você ecoam.

Estamos a rir e você deve se lembrar a última vez que isso aconteceu. Nosso riso cessa, a respiração volta a se estabelecer, nossos olhos meio que se encontram sorrateiros, brilhantes e concentrados um no outro, nesse instante vem no pensamento coisas para as quais os homens ainda não se atentaram em dar nomes, são coisas boas e secretas, 1, 2 acaba. E na alma a vontade de rir com você de novo no outro dia.