Procura por escapatórias
Como ser muito em um mundo de pouco? De pouca afetividade, pouca escuta carinhosa, pouca troca verdadeira, pouca empatia? Como conseguir realizar a ponte da imersão de desejos internos transpassados em horizontes mútuos? Como atentar os nossos olhares à coisa, de fato, humana? Perguntas que me levam a um caminho sem volta, pois elas se vão, se perdem e decidem, finalmente, seguir apenas. Tecendo suas curiosidades ou não, prosseguem. Mas, é cruel. Percebe?
Nessa grande bolha, habitada por bilhões de indivíduos diversos, existe o caráter volátil tanto na maneira de criar, materializar, o "troço" objetal, quanto na inovação das relações interpessoais. Vivemos uma espécie de “calefação” de sentimentos. Somos esses corpos tocados, sentidos, penetrados, fervorosos que teclam na truculência dos outros corpos. Por isso, o constante estado da mudança brutal quando eu me relaciono com alguém, seja por conta do impedimento externo de ser o que busquei ser, seja pelo medo de ser incompreendida.
“Você é muito intensa”, escuto quase sempre. É algo herético praticamente. Ilegal. Eu sou! Pelo menos, estou sendo há vinte anos, desde que me entendo como um ser à parte – mas que, também, faz parte – desse lugar de vida. Porém, acaba se tornando algo que me escapa. Escorre. Aquece. Derrete. Não se solidifica, porque a tal ponte, dita lá em cima, inexiste. Então, o que faço? Transbordo minhas emoções! E, nesse extravasamento de espírito intenso, sigo procurando, ao menos, boas escapatórias...