Em busca de um lugar no mundo...

Recém-licenciado em História. Primeira atribuição de aulas do ano. Muitos professores formandos e especializados buscando turmas para lecionar. Muito calor. Poucos lugares para sentar-se. Baixas expectativas de conseguir emprego. Isso que ainda nem tratei dos níveis salariais e das condições de serviço, nada animadoras.

O que move o professor é a possibilidade de o mundo pela educação transformar, porque se toda está situação fosse levada em real consideração, logo desistia de sua profissão. Há opções que exigem bem menos esforço, com retorno mais significativo.

Quando pego a refletir o que me levou a escolher essa profissão, lembro como os meus professores me encantavam na escola e, de diversas maneiras, me auxiliavam a ser um ser humano um pouco melhor. Muito mais do que conhecimentos acadêmicos. Laços de amizade, formação humana, interação social, tudo isso a escola propícia ao aluno. O professor possui papel central nesse processo. Esses aspectos me motivaram muito em minhas escolhas profissionais.

Escrevo essas breves linhas não como uma forma de manifestação, nem mesmo como uma simples reflexão negativa ou arrependimento pela opção de vida que fiz. Mas, acredito ser necessário deixar registrado essas vivências que, de muitos modos, marcaram e estão marcando a minha vida.

Em diversas ocasiões culpamos os governos por não melhorarem as condições de serviços, culpamos os pais que não educam decentemente seus filhos em suas casas e culpamos àqueles que não aderem à movimentos de resistência.

Apesar disso, ninguém para pra refletir que, na verdade, não é esse ou aquele setor na sociedade que deve mudar. No fundo precisamos de uma mudança coletiva de mentalidade: pais, alunos, políticos e professores, todos devem rever conceitos mudar posturas, "cutucar na ferida", enfim, sair da zona de conforto.

Já dizia Albert Einstein que não se pode esperar resultados diferentes fazendo sempre as mesmas coisas, mas enquanto a maioria das pessoas insistem em viver na mesmice, me contento com pequenas transformações que posso concretizar em meu contexto, seja nas conversas com os familiares e amigos, seja nas mudanças de postura e comportamentos que busco me impor ou nas simples tentativas que faço e continuarei fazendo para encontrar o meu lugar no mundo: no caso profissional, até que eu consiga finalmente lecionar e buscar conscientizar meus alunos no decorrer das aulas que pretendo ministrar.