O EXTRAVIO DO SENTIDO DE SER HUMANO
Ao contrário dos animais que vivem no propósito de ser eles mesmos, onde desempenham a missão que lhes são atribuídas no seu ecossistema e no cosmos, o homem, mediado pelas suas escolhas e dotado da possibilidade de ser ou de não-ser, se extraviou do sentido de ser humano. Ele se esqueceu do privilégio de viver as potencialidades criativas inerentes a sua humanidade ao permitir a destruição no seu coração de tudo o que pode ser de mais sagrado na vida e ao objetificar ora os seres de sua espécie, transformando-os em seres robotizados e programados, ora toda a natureza que deveria tão bem cuidar e pastorear. A modernidade, embora tenha soprado os ventos do progresso tecnológico para quase todos os cantos da terra e se gabe por esse feito irreversível, trouxe consigo a violência do niilismo, o vazio do não-ser e os espectros abissais do desamparo, os quais têm suprimido cada dia mais o sentido de missão do homem de estabelecer relações duradouras de respeito para dar lugar, infelizmente, as relações frágeis de dominação e de acirrada competitividade.