Questão: “brotar” ou não no bailão?
Um dia desses, ouvi uma música que diz: “brota no bailão pro desespero do seu ex”. Tirando a batida envolvente, fiquei pensando sobre o que estava sendo descrito na canção e soube da polêmica surgida depois. Acredito que “não brotar” ou “brotar” não seja o principal foco da discussão.
Antes de tudo, a música abrange um universo de significados, repleto de muitas camadas. Apesar das críticas feitas por causa de certas letras, de modo necessário, continua sendo um ponto complicado para se falar a respeito. Não falo só do nosso Funk, até porque o machismo, por exemplo, aparece muito na MPB e ninguém - quase ninguém - se propõe a questionar os consagrados, os aclamados compositores. Por quê? Sabemos os motivos. Mas, voltando à canção citada no início do texto, fico a refletir sobre a mensagem.
Sem mandar ou desmandar, o que paira é a consciência sobre a atitude a ser tomada. Não acho saudável viver a própria história, ou parte dela, em prol da expectativa alheia, ainda mais quando há um homem que, por meio de um combinado mútuo, foi colocado no passado de algum modo. Uma narrativa amorosa encerrada supostamente.
Não aconselharia uma pessoa a fazer isso. Só diz mais sobre o autoperfil, além de nutrir sentimentos ruins. Ao mesmo tempo, acredito ser um pouco impossível imaginar um indivíduo bem resolvido, com esse pensamento, querendo o tal “desespero do outro”. As ideias não podem coexistir, entende? Não faz sentido. Dançar e cantar, por assim fazer, é outra coisa. Eu mesma faço isso muitas vezes. Mas, quando a gente segue, de verdade, não ficamos nessa procura irracional da insatisfação alheia.
O recado que fica é o seguinte: acabou? Se sim, tente ser legal consigo mesmo(a) e procure experienciar essa alegria por você. Cante, chore, sorria, dance. Tente achar a felicidade que mora internamente. Ela nunca estará nas coisas e nem no outro, mas aí dentro de si mesmo(a). O caminho é exercer o ofício de acessá-la aos poucos. Tente fazer tudo isso somente por você!