Pensamentos sobre o leite

O nome das coisas tem grande participação no sabor.

Principalmente porque eles podem disfarçar a real identidade daquilo.

Um dia disseram:

“Por favor, gostaria de um copo da secreção esbranquiçada que sai das glândulas de um animal que pesa 49 arrobas“ e então todos desistiram de tomar aquela bebida.

O mesmo aconteceria se para se referir ao ovo você precisasse explicar a origem. Nada apetitoso.

Que bom que decidiram chamar de “Leite”, porque esse néctar mamário merecia um nome tão bom quanto o gosto.

Quando estou em uma roda de amigos onde o tópico é “Qual a sua bebida favorita?” , depois dos mojitos, martinis, vinhos, tequilas , minha resposta “Leite” sempre soa como piada.

As vezes deixo ficar como piada, mas não é.

Após poucos minutos nesse mundo , minha primeira experiência alimentícia, foi provar leite.

Colostro. Grosso.

Não me lembro do sabor, mas imagino que possa ser comparado ao bom leite de saquinho tipo A, cheio de gordura. Delícia!

Que não me venham com desnatado, de soja, sem "isso ou sem aquilo".

Gosto do leite puro.

Se eu pudesse, encheria minha tigela de cereal direto da teta da vaca.

In natura.

“Tchu-tchar”, verbo do meu vocabulário que define ato de mergulhar no copo de leite o pão, biscoito ou qualquer outra coisa comestível.

Podendo conter várias modalidades como:

1. Molhar rápido, só para umedecer.

2. Mergulhar até amolecer de forma mediana e ficar suculento.

3. Mergulhar a ponto de ficar tão mole que, a metade mergulhada quase não completa o percurso copo x boca correndo sérios riscos de cair em pedaços no copo.

Se a opção 3 não for bem sucedida, temos a opção 4 que é aceitar o acidente e criar um mingau de uma vez.

Apenas um "detalhe":

Sou intolerante a lactose.

E isso não me impede de nada.

Dizem que o verdadeiro amor passa por cima de qualquer consequência

E se a minha é dar uma bela de uma cagada, que me tragam o papel !

Bianca Castilho - 29/04/17