ESCUTATÓRIA

Ouvidos, ou vidas!

A indiferença ja matou a muitos!

Sacadas, torres e pontes já se apresentaram como solução. A gênese desse fato talvez tenha sido a frieza do entorno.

Ouvidos, ou vidas!

Desde os primórdios da existência humana, sempre houve a necessidade latente de comunicar, isto é intrínseco à nossa raça, e nem sequer os mais introvertidos escapam à ela, pois se não verbalizam, sentem e pensam. Sentimentos e pensamentos são germes da palavra.

Ouvidos, ou vidas!

O calor humano carrega em si uma sutileza sacrossanta. Subjaz no vazio infinito aqueles que não dispõem de uma mão amiga, um abraço que acolhe, uma olhar que acaricie e dê segurança.

Ouvidos, ou vidas!

Dominado pela mecanicidade, o homem parece ter olvidado de coisas simples, porém, com valores essenciais para a vida humana.

Ouvidos, ou vidas!

Quando exercemos a nossa capacidade de sentir empatia pelo outro, deixamos vir à tona, todo o melhor que podemos ser, e dando calor ao outro, avultamos a chama da caridade, exclusiva do ser humano.

Ouvidos, ou vidas!

Oberserve-se a mãe com o recém nascido ao colo; ali existe uma íntima entrega que nem a todos é dado conhecer. Podemos, porém, viver experiências semelhantes quando nos dispomos a sair das nossas pequenas ilhas, construíndo pontes.

Ouvidos, ou vidas!

Nenhum aplicativo de mensagem conseguirá, jamais, substituir a sacralidade que há numa conversa olhos nos olhos. O ouvinte da alma que expõe suas ânsias e alegrias, torna-se rico, e considera-se privilegiado por ter sido autorizado a ouvir uma melodia secreta que o outro compõe com as notas que tem.

Ouvidos, ou vidas!

Quantas vidas teriam sido resgatadas se tivessem encontrado quem as ouvisse. Talvez, nem procuravam um ouvinte que lhes resolvesse os problemas, mas que compartilhasse um pouco da chama vital da esperança. Não encontraram, e por isso, já não se encontram entre nós!

Ouvidos, ou vidas!

A nós, aturdidos homens da modernidade, cabe retomar o caminho de redescobrir a arte de ouvir, a arte de apreciar sem pré-conceito, o universo que é o outro. Sim, cada um pode ser um universo, porém, nunca se conseguirá sobreviver como uma ilha. Homem algum é uma ilha!

Ouvidos, ou vidas!