Desconstrução não existe
Não existem pessoas desconstruídas. Até porque é algo impensável na sua concretude. Nós fomos construídos, estamos sendo construídos e nunca deixaremos de ser construídos por diversos valores ao longo do tempo. Faz parte da constituição do ser humano em uma dimensão social também.
Quanto mais as mudanças vão sendo dadas, mais enfrentamos, com intensidade, vários preconceitos na relação com o adverso. Essa questão se torna complexa, considerando o panorama tão fugaz que vivemos, no qual são estabelecidos os laços interpessoais, os pensamentos, as crenças, enfim, a gramática das diversidades.
A abnegação de ideais pré-concebidos, aqueles bem internalizados, sobrevive de um processo diário. Importante frisar: ele é eterno. Posso estar sendo uma pessoa bastante politizada, engajada em algumas pautas - no sentido de propor soluções em atos, fora do “gabinete” -, mas estarei em um trajeto apenas. Aquela carona que se pega para dar a volta ao mundo, famoso “mochilão”. “Mochilão das teorias e das práticas”, sem nunca chegar ao destino desejado.
A gente pode conhecer climas variados, inúmeros caminhos, pontos de referência, menos o real lugar da desconstrução total. Eu não sou desconstruída. Você também não é. Ou melhor, nada é de uma vez por todas. O que fica é a tentativa, dotada de um esforço contínuo, de sermos melhores a cada dia.