Viver do passado

Quantas vezes eu ouço alguém na minha faixa etária dizer, na minha época isso não era assim ou quando eu era mais jovem eu não fazia isso. Ora, se tudo no mundo evolui porque fixar amassa do barro no mesmo lugar e não acompanhar o progresso natural das coisas e tentar assimilar pra si o que lhe faz bem, aquilo que o ajudará nos afazeres diários de quem quer realmente viver melhor.

E o mais intrigante é que na maioria das vezes que ouço isso é de alguém que não progrediu, não conseguiu ser algo melhor do que o seu antigamente, isso me incomoda, me deixa frustrado em saber que essas pessoas tiveram na mão tudo aquilo de que precisavam para evoluir, mas preferiram ficar amassando o seu barrinho e vivendo de um passado não tão bom quanto imaginam.

Cresci numa fazenda e desde os meus sete anos já trabalhava e não me venham dizer que era trabalho escravo porque não era. Isso, o trabalho contribuiu e muito na minha formação hoje, é bem verdade que passei maus bocados até me firmar numa bela profissão e por mais de trinta anos nunca maldizer o meu labor, muito pelo contrário eu até hoje mesmo aposentado me orgulho de ter contribuído um louco para o progresso da Instituição onde labutei com respeito, dedicação e uma vontade férrea de sempre estar aprendendo, ainda estou, pois a aposentadoria não me fez um inútil e sim, um afixionado pelo trabalho.

Não desprezo o meu passado já que ele é hoje o espelho do meu eu de agora, mas não vivo dele, do meu passado. O antigamente que carrego em mim, só me fez crescer ainda mais, me deixou mais inteligente, hoje sei escolher aquilo do progresso que me fará bem e procurar tirar proveito dessa necessária evolução.

Nunca fui de amassar barro no mesmo lugar, porque se assim tivesse feito eu não seria o que sou hoje, feliz e buscando no progresso a melhor forma de conviver com ele. Um grande abraço, um dia eu volto