Desabafo 2
Ontem fui ao lugar onde da ultima vez nos encontramos. Eu fui. Com a esperança de que uma resma de paixão ainda me atingisse. Desejando que a emoção que senti ao te ver chegando de longe não tivesse se perdido para sempre, assim como perdi você. Estando ali, onde nos abraçamos, onde sorrimos um para o outro, e eu, depois de tanto tempo, pude ver seus olhos, ao estar ali, não mais dois mil quilômetros nos afastavam, mas as quinhentas horas desde a ultima vez em que nos vimos. Naquele mesmo lugar, três semanas antes, eu pedi com todas as minhas forças para que o tempo não parasse... mas ele não me ouviu, e ele correu, e você fugiu com ele, e ele continua nos afastando, dessa vez com uma distancia irritantemente devagar, como a senhora subindo as escadas em sua frente quando se está com pressa.
E aquele lugar, palco da minha mais extremada felicidade parecia não perceber, parecia não notar que sua protagonista o visitava, e ele parecia não se lembrar. Nada sobrou da radiação dos nossos corpos, da aura de alegria, nada sobrou do seu sorriso, da sua presença, do calor de seu toque, nada restou para acalentar aquele dia frio. As pessoas passavam completamente alheias, apressadas, sorrindo, sentadas onde juntos sentamo-nos, as pressas onde um dia o tempo parou.