O grande dilema.
No último dia do ano, tive a oportunidade de sentar no balanço de madeira que fica em baixo da mangueira do sítio dos meus pais. O pôr do sol iluminava o céu num alaranjado de tirar o fôlego. Um ávido pensamento de um ano melhor me tomou como a todos nessa época. Acabei caindo no clichê do momento e fiz a retrospectiva deste ano. Me levantei e corri ao espelho desesperadamente. Então, ofegante, me olhei e não me reconheci. Eu me tornei uma pessoa pior. Com mais defeitos e falhas que meu desejo e oração da virada do ano anterior. Não sei onde errei. Confesso que dei o melhor de mim. Salvos os momentos isolados de plena felicidade, meu ano foi um desastre. E eu me sinto mais um na multidão, num mundo tão pequeno. O castanho dos meus olhos continuam os mesmos, a pele está bem cuidada, até inovei no cabelo. A incessante vontade de ser alguém que não consigo ser é meu dilema. Eu sou o motivo da minha própria ira.
Iago Menezes.