Sentindo falta de algo que nunca aconteceu

É possível sentir tanta falta de algo que nunca aconteceu?

Como se fosse um abraço que tão pouco foi dado, um olhar nos olhos que nunca foram olhados, um sentimento de perca que não foi perdido, mas que sabe que nunca teve para se perder.

Aquele sorriso perpetuado na memória ativado por uma música que se repete e repete, contando a mesma história que só existe no mental.

Em cada sonho que se repete, um fragmento se forma, uma página se escreve, um roteiro e uma trilha sonora que com o tempo se fez.

Queria conhecer o roteirista que fez toda esse conto como se fosse uma novela eterna e sem fim, não existem coadjuvantes, apenas personagens principais, como um filme mudo de 2 tapes.

Eu e você.

Mas de alguma forma existem os figurantes, que não interagem apenas figuras demonstrativas.

Era pra ser a história de dois personagens que se ligam mentalmente, certamente quando um ouve a música do outro, os dois como um se tornam.

Nessa estória acaba sendo totalmente diferente do que eu gostaria da realidade que é, personagens sem nomes, apenas a fisionomia da maneira que lembramos quando sonhamos, por exemplo, quando sonhamos e temos certeza de ser alguém mas não vimos o seu rosto, mais ou menos assim. Apenas queria que os personagens interatuassem, soubessem da existência um do outro, seria tão impossível isso?

As circunstâncias da vida proibiram os fatos, como se nenhum momento fosse favorável, temo estar velho o suficiente para olhar para trás e pensar, faz tanto tempo, mas é como se fosse ontem, e todo esse conto nunca se acabar, mas vou fazer o que?

Me resta sentar numa cafeteria e sonhar acordado com um litro de café olhando a monotonia de todo o resto pensando tudo de novo, é possível sentir tanta falta de tudo isso mesmo nada disso tendo acontecido de fato?