O tempo não pode parar
 
Existe um caminho estranho a seguir
A trilha suja incomoda muito o tempo
Se vou embora, afugento as manchetes
Eu quis bem ficar, mas não achei coração.
 
Vou viajando, talvez me falte até sorriso
Mas arriscarei cantar algo falaz, ardiloso
Há, no coração, chuva própria de chamego
Escondida nas bondades dos pensamentos.
 
Não há motivo para se ter festa no coração
Não há bravura, se a rua lhe pede gororoba
Se lá o oculto no poder só cede aos maliciosos
Só posso daqui desse canto apenas lastimar.
 
Se o choro é forte, muito se tem a lhes dar
O meu caminho continua estranho, sem rei
A amargura à vista é puro retrato de tristeza
A vida merece, vai e vem sem rótulo na mesa.
 
O tempo tão sacana, só existe para os poderosos
Só a tristeza sabe o quanto é tenebroso vivê-la
Um pouco de nada é muito para quem nada tem
Na dor miúda, somam-se olhares fixos, sofredores.
 
Naquela mesa só se pensa: tempo não pode parar
Na beira da cama respira fundo atento ao novo dia
Não existe tempo para amar ou troca de beijo na boca
É uma fantasia passageira distante de belos sonhos.
 
O desastre está bem à nossa frente em dotes maléficos
Se a morte não lhe faz recuar, a sombra é toda perversa
Não é possível acolher apenas aqueles de alma pequena
A tristeza predomina nesse rio de chamas intempestivas.

 
Cromeu
Enviado por Cromeu em 09/01/2020
Código do texto: T6838024
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.