A importância do não-saber
Tendo dito o que uma psicanalista externou, que o não-saber deve ser democrático, fico a refletir sobre essa questão.
A todo momento, queremos ter o poder de solucionar os problemas do país e, mais prepotentes ainda, do mundo inteiro: a miséria, a fome, a desigualdade de gêneros, a destruição ambiental. Temos sede do imediatismo e “vamos direto ao pote”, sem antes passarmos pelos questionamentos e pela admissão de que não sabemos.
Não sabemos, praticamente, nada e, tampouco, saberemos a respeito do tudo. O futuro não nos pertence. O presente até nos cabe, mas circundado na parte que lhe é devida. Não é só chegando à conclusão que se conclui. É passando pelo processo de dissecar aquilo que foi posto, indagar, discordar, admitir que somos insuficientes para conhecer tudo.
A gente precisa, primordialmente, conseguir lidar com a angústia do não-saber. Sinto que a minha estrutura subjetiva e corporal, ao contrário, possui maior discernimento acerca das coisas por acreditar na amargura do desconhecimento fielmente. Assumindo essa minha condição de ser constituída de átomos, ser miniatura, diante de toda a vastidão, sustento melhor as ideias.
Reconhecer que nada sei já é a própria vontade de saber. Vale mais uma reflexão do que uma falsa convicção.