Não se esqueçam de nós

Hoje passei pelo Museu dos Ferroviários em Jundiaí, e a nostalgia tomou conta dos meus pensamentos. Através dos móveis dispostos nos pequenos salões, pude viver no século passado. As pessoas caminhando pela estação, as senhoras sentadas nos bancos a espera da próxima Maria Fumaça, anunciada pelo apito alto, que cortava as serras e o cheiro peculiar dos trilhos quando o atrito das rodas do trem se aproximavam.

Vi as crianças correndo, com suas roupas de domingo, os homens com cartolas, e as senhoras com seus vestidos impecáveis.

Cada objeto ganhara vida durante meu passeio, cada cadeira, banco ou assento, passageiros. Das pias amareladas, a água escorrendo pelas torneiras. Dos sinos, os sons que ecoavam anunciando a passagem da locomotiva.

Dos telefones antigos, pude ouvir as pessoas avisando animadas que estavam a caminho.

A Maria Fumaça partia de Jundiaí até Santos, serpenteando por entre as serras. A paisagem banhava os olhares dos passageiros, acolhendo com seu balanço inigualável, e o som das rodas nos trilhos, convidando-os a um sono gostoso.

Desses passeios, fui até Campinas com a minha mãe e irmão. Só pelo gosto da viagem! Sequer descemos na cidade, apenas aproveitamos os cenários, os assentos avermelhados novos, chiques, cenário de cinema.

À medida que eu observava os objetos - a história, toda aquela magia que passou por alguns minutos em minha mente, foi desvanecendo, e já não haviam mais crianças bonitas com roupas de domingo, nem senhoras com seus vestidos, nem homens com cartolas... Sobraram apenas os objetos ora expostos nos pequenos salões, pedindo para não serem esquecidos...

Angie
Enviado por Angie em 08/01/2020
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