Proteger é retrair.

Ontem eu quase fui dormir com raiva, mas me distraí. É que o poder que eu tinha foi de certa forma dissolvido, e como qualquer bicho, me senti vulnerável.

O casco da tartaruga, o casulo da lagarta, foram catalisados. Perderam suas funções. E como se o outono tivesse chegado do nada, todas minhas folhas desabaram de mim. Meus galhos foram expostos, mas, por sorte, eram belos. E eu sabia disso porque já me deram a informação. E eu pedi humildemente pelo teu apoio... apenas para ouvir que minhas raízes não eram profundas suficientemente e que meu tronco era bruto. Minha seiva naquele momento saturou, mas, graças a minha natureza, manteve-se BEM através do sonho.

E o detalhe de sonhos tão belos...

É que jamais podem ser compartilhados.

Porque se tornaram belos através da proteção e segurança de seu casulo, e apesar de seu rompimento liberar um devaneio borboleta, dura por três dias e então se torna obsoleto.

Guardo minhas fantasias mais profundas e ando traumatizada (Como árvore, não saio do lugar). Compartilho elas apenas com aqueles que saberão o que é um sonho belo sem saberem de sua pretensão inicial. Que o canto é lindo pois é de um fruto abandonado, de pássaro perdido. Que aquele que o ouve e ingenuamente admira, e de nada mais quer dele...

esse entendeu tudo. Esse entendeu o ponto: o de regar uma semente que só cresce pra baixo da terra.