Peso-morto
Eu sei que sou um peso-morto que não se esforça para viver
Minha boca cheira a cigarro, conhaque e ofensas
Quando amo demais, sinto ódio
Quando não amo, sinto o sangue escorrendo pelas minhas gengivas
O paraíso é uma tormenta para quem não se encaixa em nada de bom
Meus pais não me quiseram
E eu odeio meu pai por ter me feito o espermatozóide vencedor
Os vasos dos banheiros públicos são mais limpos que os colos que já sentei
Coisas que eu faria se tivesse dinheiro? Alugaria um quarto de motel por uma noite e lá me mataria ouvindo esses idiotas gemerem
Porque o sexo complica tudo
Porque o sexo faz nascer vidas que não pediram para serem feitas
Porque eu odeio essa vida
E quero renunciar o meu cargo de ser humano e quero me transformar na chuva que cai sob os caixões.