Entrega

Mais um fim de movimento. De ciclo.

Comemorações de todas partes, e todas pessoas. Promessas, desejos, esperanças, e cada pessoa com alguma intensa urgência, pela melhora, descoberta, expansão, paz, e diversas outras palavras que mudem a realidade.

Do ser, de estar, das pessoas, convívio, ambiente...

Tudo que deixa inquieto aqueles que já perderam o mínimo do véu da inocência ignorante, no seu mais simples significado. Todo o arredor assusta, ao ver um céu cinza ameaçando uma chuva que nunca passa de uma garoa fina, que não estoura trovoadas alarmantes e ensurdecedoras, mas incomoda e adoece muitos que se molham.

Nada mais esperado e seguro do que se recolher no próprio lar, fechando as portas e janelas de casa até não ver mais sol e ficar num conforto recluso.

Introverter até só enxergar um espelho. E assim como em todas as vezes que vemos nosso reflexo, tudo que passa pela cabeça são críticas e frustrações. E o anseio, seja por voltar a uma aparência que você já teve ou por buscar alguma nova, inédita e incerta para você, que conforte e convença mais a si mesmo e os outros.

O problema é se esse reflexo for do interior.

A paz é muito mais necessária, o caos muito mais evidente e seu efeito muito mais nocivo.

A urgência alcança seu ápice. E por vezes o desespero toma conta, em um nível que a mente já quase não foca em mais nada.

E entre reflexões sobre o que você conhece, fez, viu ou experimentou, dos erros, acertos, o quase e o talvez, possibilidades e causas, tem sempre um cheiro, uma melodia ou som que se destaca dos demais. Que te atrai tão natural e inconscientemente, e pousa no pensamento, fixo e constante, encaixado tão justamente que só pode ficar ali.

Completa de maneira tão certa, que mostra em si o reflexo que queríamos enxergar em nós.

E distrai de todo o resto, que passa a ser apenas isso mesmo. Um segundo plano, pois agora toda a vida e energia se resume e foca em assumir um compromisso.

O de fazer aquela sensação, e seu impacto, em todos sentidos, ser cada vez mais ampliada e difundida em cada gesto e criação que parta de si. Agora todo o desconhecimento e receio sobre o seu valor e papel em vida, enquanto durar, é substituída quase que por uma missão, e faz jus a esse título se você assim quiser e acreditar.

E sendo assim, ao abrir as portas e janelas, pode ser que o sol esteja lá fora e aos poucos aumentem os momentos de boas sensações que nos façam sair daqui.

Desde que haja... a entrega.

FOP
Enviado por FOP em 05/01/2020
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