NO REFLEXO DO BEM – TAMBÉM O MAL ESPREITA

Os seres elevados podem acessar, aquela magnifica emanação de luz, onde a misericórdia do bem, ajustado ao bom entendimento, cria a partir da lei universal – elevados conceitos, para dar coesão e sentido ao mundo. Dizem que Beethoven, podia acessar na elevada esfera cabalística de Chesed, aos sons mais refinados do angélico, subtil, celestial universo. Assim foi que compus a 9ª Sinfonia, e assim a Canção ou Hino da Alegria, onde a fraternidade humana – livre do labirinto da guerra - despiadada Concorrência, em Ajuda Mútua entoa o Gloria da compreensão altiva da irmandade.

Esse poder contemplar, ou poder perceber, receber a emanação direta – sem interferência da ilusão – do plano que plasma o bem e beleza, na vida, permite através do anabolismo ou assimilação do esplendor luminoso; e do catabolismo ou transformação dessa luz em obra ativa – trazer para o mundo da forma física, as visões do planos sublimes. Ajudando assim à humanidade a encaminhar-se pela senda que conduz, através da ética pura, a uma maior consciência da vida e dos seres vivos, como realidade capaz de no amor, viver no todo unidos.

Falam que Napoleão, também tinha lampejos de luz promanando na elevada esfera de Chesed; mas também muitos nevoeiros e ativa confusão, produto da sua forte personalidade vibrando na esfera mais baixa de Yesod, onde os reflexos espirituais amiúde são perturbados pelos nossos fortes desejos, em confronto com nosso verdadeiro, elevado destino.

Dizem, que quando sua alma altruísta vencia na batalha interior – contra suas sombras – ele podia observar a púrpura e benéfica cor assentando-se na sua aura extensa e, mesmo no novo mundo, que ele acreditava possível.

Essa clareza espiritual, era com frequência deformada pela sua personalidade néscia. Crescia então (dentro dele) o lado oculto – negativo da elevada esfera de Chesed, onde o fanatismo e tirania, hipocritamente tomava o comando, matando ao ser superior, altruísta e magnânimo – fazendo-o descer na guerra destruição (ao invés da luta para travar o velho, inaugurando o novo).

Quando ele alçou, com suas próprias mãos, a Coroa Imperial (retirando do Pontífice aquele consagrado privilegio), o novo rei do mundo (que já pouco servia ao Rei do Mundo), demarcou dous atos encontrados: um ativo, dando fim ao Poder Espiritual (associado sempre ao Papa) em supremacia sobre o Terrenal, associado aos Reis. Outro passivo, arrogando-se ele mesmo, ambos os poderes.

Assim sua queda na egolatria voltou a domar ao homem livre, servindo aos seus instintos (matando seu livre arbítrio) e não sendo serviçal ao caminho elevado, do meio, em ele, como em nós, em nosso interior presente.

O lado escuro fincado no desamor passava a tomar relevo. O génio militar, que sonhou na igualdade, liberdade, fraternidade unir a Europa, abandona a imagem arque-tipa do Rei coroado, do bom governo a serviço da boa lei; abandonando a sua vez a imagem esférica positiva de Chesed; para concentrar-se no arquétipo guerreiro, na esfera equilibrante de Geburah, onde Rei juticeiro montado em seu carro negro (priorizando o aspecto negativo), ia embarcar a Europa, num conflito continuo, do que somente se podia obter, a derrota dos nobres propósitos – O trunfo do poder banqueiro negro, que atrelava mais domínios através da dívida dos governos.

Alguns, de entre muitos exemplos, onde o Guerreiro – Justiceiro - Construtor; deixa passo ao Guerreiro – Vingativo – Destrutor, que abandona a boa senda – para construir no TER e não no SER, seu temporal – efémero império, nós bem conhecemos. Foi por entender esse destino, tal vez que Aristóteles abandonou Alexandre Magno? Mas também os nobres, mesmo derrotados, como Viriato ou Vercingetórix, fieis aquela nobre tradição, inserida pelas deidades vitoriosas celtas, que ao magia negra nunca se entregaram. Como muitos outros no Mediterrâneo ou no Oriente.

Também o Poderoso Nimrod, filho de Cuxe, que era filho de Cam, que era filho de Noe – casado com a Poderosa Semíramis, voltou a permitir o ter – possuir, dominar sua alma, em contra do ético – encontrar desde o interior, ser (aquele de no amor pode também no físico construir); inaugurando a primeira cidade (após o dilúvio) e realizando o megalómano projeto da Torre em Babel…caída.

Semiramis (tal vez a reencarnação de Inhanha?) , filha da Deusa Decerto, fundadora dos magníficos jardins da Babilónia – fora tomada naquele mau obrar, com chantagem, por parte de Nimrod, a seu anterior marido, também valoroso militar – assentando, aqui, de novo a eleita do Ter, comando do desejo, acima do ético – ser, comando da Boa Lei – Ação do Bom Governo.

Desde essa fundação da primeira cidade, com sua Torre, após diluvio, é que as cidades tem sua fama de sucumbir sempre ao peso escuro (realizaçao do ter, por riba do ser).

Enquanto o cimo das montanhas – onde são instalados os Grandes Templos, ficam mais perto do céu – da luz – da claridade harmónica, que nos permite o contanto com o divino, através do poder feminino, que se assenta na Natureza, beleza da Terra – Soberania primordial que guarda o grande segredo perdido pelos homens... Encaixa, pois o divino, desde a horizontal (predomínio da energia Kundalini ascendendo), em associação à energia masculina, na vertical (predomínio de Fohat descendendo), para juntos os triangulos harmonizar o hexágono perfeito, estrela de David, macro no micro contendo-se. Poder da cruz crística espiritual – montes sagrados, picos, cumes, ar fresco.

Sendo que as pequenas cidades, vilas, aldeias nos vales, tem a energia mista – sombra e luz, em alternância ou equilibrando-se.

Os bons guias, como Moises, conhecem a viragem dos ciclos (com rigor exercerm o amor, com amor o rigor, como quando cortam a adoração do bezerro, pois o leao interior chama ao carneiro, que surje no céu e no peito) – Os bons lideres, como Moises, sabem retomar a velha aliança entre os homens e os deuses. Cumprem os mandamentos devidos, segundo a tónica de cada era: as vezes dez, as vezes doze, as vezes sete.

Os bons guias, como Lugh, mercurial ser “hábil em todas as artes” legam a seus povos o solar conhecimento. Os bons lideres, como Lugh, sabem com vontade, perseverança e força derrotar, na guerra inevitável, aos senhores obscuros, que tentam voltear o mundo na imundície; cortam suas cabeças, pois é com a mente – a coroa (de onde tudo promana - Kether) - que se domina a natureza e aos seres…A mesma cabeça cortada dos seres inferno, no inferior doentes, invertida na terra – dá significado de fim do poderes velhos.

Arjuna, hesitava em ir a guerra, contra os demónios, pois não queria matar, assim seu juramento de limpeza, castidade e sublime amor. Mas o elevado Krishna, mostrou-lhe o caminho da guerra, preciso, quando a consciência humana muita baixa no astral inferior – inferno – focada, não permite ainda o caminho completo da não violência, ante a iminente chegada das ordas assassinas, dispostas a devastar o renovado florescer da terra.

Foi Gandhi, que lendo Leão Tolstoi, ativou o caminho social da não violência, num momento onde a consciência humana, já permite, em unidade social, parar o violentos com a ação da não ação, precisa, coerente e consciente. Martin Luther King, definiu que para lograr este objetivo de desobediência pacifica contra injustiça, é preciso, primeiro, acabar com o silêncio dos justos, e dizer, afrontar nosso medo e vencê-lo. Assim sendo a paz, pode ser, aos poucos um caminho, para toda a humanidade, certo.

Mas não deveriamos esquecer, deixar de saber, que toda luz, vem rodeada de sombras. Trabalha no conhecimento de ti mesmo, isso, falava em Delfos o Oráculo. Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o universo e os deuses, também afirmava Platão. Em este caminho deves observar que o prato do mérito e desmérito, na mesma balança se ergue.

Trabalha contigo mesmo, não deixes de trabalhar. E este passado ano foste bom em sementar, este novo, que agora aqui se está a iniciar, deves saber é ano de colheita...

Também nunca deves esquecer, ao no teu interior o bom da beleza e o bem observar; que atrás daquelas colunas, o mal, a sua vez, espreita...