Devaneios
Ter razão sobre o que foi dito
Sobre o que falei
E aquilo que não disse
Quando me calei perante vós
E falei comigo mesmo
Não estava mais aqui
Mas continuava a existir
Perdurava como uma rocha
Que aos poucos ia se moldando
Transformando-se no infinito
No que não terá fim
Mas que vive a esmo
Perdido em seu próprio silêncio
Sozinho como aquele que vaga só
Somente com a sua própria companhia
Em busca da razão
Em busca da sabedoria
Da verdade que nunca foi dita
Que se calou todo esse tempo
No mais profundo abismo
Cai-se na realidade
Nada existira
Nada acontecera
Um leve devaneio o pertenceu
Num piscar de olhos
Volta-se ao agora
Ainda há tempo de dizer o que se quer