EXTERNO OU JUSTIFICATIVA?

Num estado de jornada para a perfeição, ainda a ser alcançado, o universo foi criado, pois, não brotou completo das mãos do Criador. Por isso não existe narrativa de que Deus criou as espécies de seres vivos na forma em que os vemos hoje. Também, além da existência, Deus nos deu a dignidade de agir por conta própria e sermos causas e princípios um do outro e, assim, cooperar na realização de seu plano compartilhando livremente sua providência.

A vida, também, é uma condição inacabada até seu decesso. Ao nos criar, Deus nos deu uma data exata de nascimento e uma data de morte? Quando morremos, é por causa da ordem natural dos eventos criados pelas primeiras causas, ou, porque Deus nos chamou do lar, como é dito nos funerais?

As pessoas preferem a aproximação abreviada nas explicações práticas da ordem natural das coisas, dizendo que Deus é a explicação e está em tudo, um comentário fácil da boca pra fora, que não deixa nada a dizer ou fazer, e não surpreende que tenha caído em desuso, e deixam a explicação religiosa pendendo, onde, com o passar do tempo, começa a parecer apagada e irreal, até desaparecer.

Em meio ao fanatismo religioso e a preguiça mental que não trazem elucidação, devemos deixar Deus fora do debate no qual Ele é a primeira causa que opera em causa secundária e por meio dela?

A maneira como pensamos sobre Deus, como distinto e separado do mundo, torna difícil conciliar a visão da ordem natural das coisas com o plano Dele, nos deixando com a imagem de um Deus que intervém do lado de fora para manipular eventos, ou, simplesmente deixa as coisas acontecerem como um observador não envolvido nas lutas da nossa vida. Como a Igreja responde a essa pergunta, quando os santos e sábios nos disseram que Deus criou o mundo e está intimamente envolvido em tudo o que acontece e que fazemos no momento presente trabalhando em todas as ações?

Deus, em sua bondade, nos deu a presciência para nos acautelarmos com relação ao futuro, nos permitindo o poder de compartilhar livremente sua providência, seja cooperando, ou, lutando contra a vontade Dele, mesmo assim, tirando proveito de nossa luta. O momento do nosso nascimento foi decidido por nossos pais. Quanto à nossa morte, abreviamos a hora de sua chegada se arruinarmos nossa saúde ou sermos imprudentes no que fazemos, pois, somos a causa real secundária.

Saberemos a verdade oculta, quando cessar nosso conhecimento parcial e conhecermos a Deus face à face, ao recebermos o repouso sabático definitivo para o qual Ele criou o céu e a terra.