ÚNICO

Ah, o amor!

Apenas quatro letrinhas...

Com o passar dos dias se

transformam em dezenas delas...

Já se sente o peito a arder,

não se encontra explicação definida.

A boca já não é mais a mesma,

o ar já não tem o mesmo oxigénio,

o toque passa a ser inconfundível.

Já não se consegue fechar

os olhos a imaginar, se quer o cheiro,

o olhar nos olhos a dizer tudo

sem pronunciar uma só palavra,

se quer o desejo, o sabor do beijo,

o entrelaçar das mãos, dos corpos...

O toque peculiar daquela mão a

espalmar os ombros, "a cara",

os "músculos" mais volumosos...

O dedos a lerem uma bela poesia,

como quem lê em braille ao tocar

cada parte daquele corpo,

o corpo imperfeito que aquelas

carícias o torna perfeito.

Aquele mover dos lençóis

desarrumados,

das cores por combinar,

das migalhas a cair,

do vinho a derramar,

daquela fome a saciar...

Aquele amor do tempo e da hora,

que a tomou por inteiro,

deu a cor nunca antes sabida,

deu "o sentido" nunca antes sentido...

Beatriz Teixeira
Enviado por Beatriz Teixeira em 29/12/2019
Reeditado em 29/12/2019
Código do texto: T6829316
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