ÚNICO
Ah, o amor!
Apenas quatro letrinhas...
Com o passar dos dias se
transformam em dezenas delas...
Já se sente o peito a arder,
não se encontra explicação definida.
A boca já não é mais a mesma,
o ar já não tem o mesmo oxigénio,
o toque passa a ser inconfundível.
Já não se consegue fechar
os olhos a imaginar, se quer o cheiro,
o olhar nos olhos a dizer tudo
sem pronunciar uma só palavra,
se quer o desejo, o sabor do beijo,
o entrelaçar das mãos, dos corpos...
O toque peculiar daquela mão a
espalmar os ombros, "a cara",
os "músculos" mais volumosos...
O dedos a lerem uma bela poesia,
como quem lê em braille ao tocar
cada parte daquele corpo,
o corpo imperfeito que aquelas
carícias o torna perfeito.
Aquele mover dos lençóis
desarrumados,
das cores por combinar,
das migalhas a cair,
do vinho a derramar,
daquela fome a saciar...
Aquele amor do tempo e da hora,
que a tomou por inteiro,
deu a cor nunca antes sabida,
deu "o sentido" nunca antes sentido...