SOCIEDADE DE DESCENDENTES CLANDESTINOS

Filhos da mãe, é como o mundo nos chama. Nascidos para o esquecimento, fomos jogados na sarjeta por homens de mentes insanas para sermos criaturas cosmopolitanas.

Vivemos fora dos padrões da sociedade, com sobrenomes emprestados e nomes que não sabemos em que circunstâncias nos foram atribuídos. Todos os dias choramos a dor de não termos um pai somente nosso e vemos a alegria dos nossos meios irmãos alegrarem-se e cheios de emoção esperam pelo pôr do sol com a certeza de receber um abraço e carregar a pasta do trabalho do seu progenitor, que para nós foi apenas um doador de sêmen para uma mulher frágil que na verdade precisava de um marido e não de um galo atrás de galinhas.

Às vezes me pergunto, será que não há alguém neste mundo capaz de ensinar a ciência da boa convivência para estes homens? Que se aproveitam de mulheres de corações desamparados, cujo sonho é serem mães de uma família! Achegam-se a elas como se solteiros fossem e tomam por diversão o que Deus sabiamente criou e deu instruções para que fosse justamente realizado.

Urinam sobre os seus matrimónios e estercam sobre a fidelidade e se intitulam plantas rastejantes, providos de gavinhas nas suas palavras e atitudes que lhes auxiliam a se fixarem e espalharem fectos por aí como se sementes fossem. Gabam-se em serem como as abobeiras e as videiras, que crescem e invadem o espaço dos outros, construíndo conceitos e princípios totalmentes machistas, para poderem satisfazer os seus prazeres sexuais.

Muitos somos, espalhados em diferentes partes do mundo, frustrados ao ver esses homens gerarem famílias heterogênias e não poderem ser pais para todos os seus filhos. Enquanto os filhos da esposa "mais amada" se alegram, os bastardos sofrem uma ilusão dum pai-tio que jamais passou um dia se quer com eles.

Somos geneticamente obrigados a conviver com as tias madrastas que mal conseguem desfarçar o seu desprezo e dia após dia expelem sobre nós o seu ódio. Será que são elas más? Ou apenas estão reagindo às inconsequências dos seus infoéis parceiros!

E que culpa temos nós? Somos apenas seres trazidos ao mundo sem opção de escolha, frutos de um "acidente" ou talvez de um mal propositado!

Ambos choramos por um mal provocado por um mesmo homem: a madraste, a dor da infidelidade e nós a dor de não poder ter um pai presente e só nosso.

Somos unidos não pelo sangue de um homem e nem por um sobrenome, mas pela mesma história que constrói às nossos vidas e por uma figura femenina...

Nossos pais simplismente escolheram morrar nos nossos documentos de identificação, e não se preocuparam em ser uma alegria para nós.

Viveremos nessa ilegalidade por detrás das cortinas e teremos Deus como pai, lutando com a Vida na esperança de um dia sermos diferentes.

"Seja um pai para todos os seus filhos, e isso só é possível sendo-se homem de uma só mulher"---- by: Gervásio

Mandongue Jr
Enviado por Mandongue Jr em 23/12/2019
Código do texto: T6825037
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.