O velho e a lenha

Todo dia com medo do escuro

O tronco abria rachaduras em seu corpo

Marcas de um tempo em que ainda não sabia

Muito da vida, e do mundo ao seu redor .

Quando o velho era uma criança , sempre queria

Ser o primeiro em todas as situações, na escola ,no jogo ,no circo ,sempre com um ar destemido não sabia o que era o medo.

Lenhadores ferrenhos decepavam cinquenta árvores por dia para uso humano.

Cada parte do corpo da árvore foi fatiada para surgir as lenhas ,

Lenha que um dia foi tronco apanhando da vida por causas de chuvas ventos fortes e rabiscos em sua pele que lhe marcaram para sempre,pela eternidade.

Quando o velho cresceu, os medos vieram á tona ,pesadelos ,fortes, com cobras, aranhas ,monstros, olhou da sacada do seu apartamento deu um suspiro , e descobriu realmente o que era sentir o denso medo.

A lenha depois de ganhar vida , descobriu na lareira da casa em que o tal velho morava ,o que era se livrar do medo ,colocada em intensas chamas de calor brasa e fogo conquistou sua liberdade mesmo em sua própria prisão .

O velho deitado em seu sofá , observava a lenha queimar, e seu múltiplo olhar ,o levava a tempos remotos, onde seu corpo era apenas fogo e nada mais ,percebera o tempo perdido que era a grande saga de se aventurar no medo .

A lenha ardente sentindo a vibração do ambiente ,percebia o contato humano ,mesmo sem ela saber realmente o que estava acontecendo , o velho pois se a chorar .

Um fio de culpa matutava a cabeça do velho , era a lenha .

Ele chorava sentido porque passava um filme na cabeça dele ,de como uma árvore era muito maltratada até ser lapidada e virar lenha . Ele se aproximou dela fechou os olhos ,sentiu uma conexão forte ,abriu e viu crescer raízes cada vez mais grandes e fortes, era a vida brotando em suas inúmeras formas.

Daniel Nascimento
Enviado por Daniel Nascimento em 18/12/2019
Código do texto: T6822152
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