Seres vivos e seres não vivos!
“O prefeito de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, Clebel Cordeiro (MDB) foi preso nesta terça-feira (17) suspeito de desviar água da Transposição do Rio São Francisco para o sítio dele”Esta foi a notícia mais curiosa deste início de semana.E o Argumento do Advogado do referido prefeito também não é nenhum exemplo de racionalidade: “as águas invadiram às terras do sítio do prefeito”.Pelo que eu entendi, é como se as águas tivessem ‘vida própria’. E eu me reportei há algum tempo atrás , quando eu estudava Pedagogia, e houve uma situação pitoresca.Eu fui designado a dar uma aula em uma turma da Educação Infantil(1º ano).30 crianças ,todas com 6 nos de idade.Eu procurei o máximo de organização e de cuidado: cortei ou aparei as unhas dos dedos da mão direita( eu estudava violão na época, e geralmente ,mantêm-se as unhas um pouco saliente, pois o contato delas com as cordas,há uma melhor vibração),e no caso de tocar uma criança,corrre-se o risco de machucá-la ;também procurei estudar os meus jeitos, torná-los o mais delicados possíveis.Na sala de aula,há muitos movimentos dos pequeninos, e um choque ali,pode também trazer consequências desatrosas.E o mais importante ,a aula e o seu plano!E eu preparei um plano de aula com a disciplina: Ciências. Era “Seres vivos e seres não vivos!E começou a aula. Eu explicando aqueles inocentes aprendizes o que seria um ser vivo.Falei das plantas ,dos bichos, e claro, de nós mesmos; e dos seres não vivos,citei uma pedra,um grão de areia... E fui interrompido por um dos meus alunos(no caso ,uma aluna),que falou a palavra “água”.Nâo deu para perceber se ela estava perguntando ou afirmando.E naquele momento,bateu-me uma dúvida,uma inconveniente insegurança ; eu fiquei paralisado; eu não lembrei dos conceitos implacáveis da Ciências.Era uma sala de aula da Educação Infantil.lembremos dessse detalhes!Mas aí, eu virei-me para o Birô ,onde estava o plano de aula, e verifiquei, e a água estava como um ser não não vivo.E respirei fundo, e já ,pretenciosamente ,com uma postura professoral ,falei: a água é muito importante para a manutenção da vida; importante para a existência da vida, mas não é vida; a água não é um ser vivo!E logo em seguida fui acometido por uma crise de humildade, e falei em voz baixa,bem baixinho, um pensamento de Isaac Newton:”é preciso que nos comportemos como simples criancinhas ,brincando com conchas na areia da praia,diante do imenso oceano da verdade,inexplorado fora nosso alcance”.Provavelmente ,eles não entenderam.Eles nem ouviram!Quanto ao comportamento do prefeito,poderia ficar no cesto do lixo daquela sala de aula tão especial!