NINGUÉM PRECISA SABER
Persisto no meu intento
De, doravante, andar reto.
Eis que chega o tal momento
Em que tudo queda quieto:
Todas janelas se fecham,
Todas as vozes se calam,
Todas as farras encerram,
Todas as rosas exalam.
Todos aqueles recursos
Que, invocados, me acodem;
Todos aqueles ouvidos,
Onde os meus versos explodem;
Todas as mil cortesãs,
Todos amigos ateus,
Todas as bruxas pagãs,
Todos os filhos de Deus,
Tudo isso, agora, repousa.
Tudo, na noite, se cala.
Todo os casos e cousas
Cochilam longe da sala.
Todas as chances que tive...
Tudo que minha cabeça
Inutilmente revive,
Esperando que aconteça,
É tudo caso perdido!
Ninguém precisa saber
Que estou desperto e sentido,
Pensando em "eu e você".