O GOSTO DOENTIO PELA ESCRAVIDÃO
Na maior parte do tempo, por causa de uma tradição para lá de suspeita ou então devido ao magnetismo que exerce uma cultura no coração de suas inúmeras vítimas, muitas pessoas acabam sentindo aquele prazer mórbido em viverem sob o jugo de tal engano, agindo como se não tivessem nenhum senso crítico e, ao mesmo tempo, desprovidas da condição de se portarem como seres humanos livres e responsáveis. A maior escravidão humana não é tanto aquela que é imposta pelo uso da força bruta, tampouco é aquela onde uma pessoa é dominada por ferros, aviltamentos, humilhações e imobilização de seus movimentos ou falas, de modo algum! A maior escravidão acontece quando muitas vidas humanas nutrem um fascínio e um gosto doentio pelo seu próprio cativeiro, pela sua própria prisão sem aquela atmosfera de uma prisão convencional, cujas aparências de conforto, bem-estar e diversão garantida, as levam ao precipício da auto-destruição, sem que as mesmas tenham ao menos uma pequena luz de consciência a respeito de sua deplorável condição.