VONTADE PRÓPRIA

O homem corriqueiro não prioriza a finalidade de sua vida, apesar de querer outra que dure eternamente. Entretanto, um homem morrendo dentro da longevidade aceita como limite comumente possível é anormal ao propósito da vida inteligente, produtiva e promissora.

Pior, é o homem que não consegue viver, na autoconsciência em sua alma, ressentido e frustrado com seu predicamento existencial pressuposto.

Buscando algum indício que transcende nossas próprias intuições e introspecções sobre como nos movimentamos entre nossas vontades e realizações próprias, diante da realidade de que vivemos no desejo sem liberdade, nos perguntamos o que fazer para sentir que somos livres.

Às vezes, parece que temos a livre escolha, depois não. Ou, a decisão autônoma consciente é uma ilusão que nos leva ao desalento e à ausência de interesse nos valores tradicionais ou na utilidade na existência?

Quanto mais examinamos a questão, mais percebemos que o livre arbítrio é como uma ilusão conveniente. Na ausência de uma resposta concreta, delegamos a hipótese ao acaso, nos agradando e estimulando saber que as mudanças da vida acontecem, e as coisas estão sendo decididas de um momento para outro, pois, não importa o que fizermos, nem sempre podemos obter o que queremos.

Apesar de pensarmos que somos autores morais livres, tudo o que fazemos parece afrontar o predeterminado, pois a vasta variável de diferentes desfechos desmerece nosso próprio desígnio, enquanto o sistema físico determinístico ou, a aleatoriedade dos fundamentos da realidade, também, desafiam a livre escolha.

Deve haver um poder indescritível que se mantém independente do universo físico enquanto toca o mundo imaterial e invade o nosso cérebro antecipando nossas ações, como um passatempo entre a intenção consciente e o feito em andamento adiantado do inconsciente, demonstrando que não controlamos a propriedade de nossas ações, ou, a espontaneidade do que fazemos entre o pensamento e a ação.

Grande parte da atividade mental ocorre subjacente à mente consciente, que é constantemente um impedimento sobre o que sentimos que estamos fazendo. Assim, o inconsciente sugere e o consciente compõe.

A cultura evolutiva nos proporciona a vocação de nos enquadrarmos na eventualidade na realidade, e nos livra através da reflexão e imaginação sobre as coisas e o destino porvir estreitando o espaço entre a definição e a escolha própria, pois, podemos impedir nossos estímulos ou mudar nossos limites com responsabilidade, ou, até ir além de nossos princípios e criar ideias, coisas novas e especiais.

Contudo, não importa a razoabilidade de nossas ações diante da imprevisibilidade, pois, a certeza tem muitos atalhos, e sempre teremos que viver para descobrir. Porém, sejam quais forem as aproximações sobre a incompatibilidade entre o livre arbítrio e o determinismo, devemos manter nosso senso de responsabilidade moral e legal.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 06/12/2019
Reeditado em 09/12/2019
Código do texto: T6812458
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