Necessidade de controle

Com meus textos prolixos e contraditórios, tento entender subjetividades.

Tento extrair de suas palavras monossilábicas e sorrisos misteriosos as suas reais intenções.

Tento, obviamente que em vão, medir seus sentimentos. Certificar-me, fazendo jus ao meu rótulo de centralizadora, dos riscos de ser somente mais uma.

Tento avaliar o custo-benefício da entrega sem expectativas e do conforto das certezas, mesmo já esperando muito e só tendo, até o momento, incertezas.

Procuro algo que me possa trazer um mínimo de segurança, que possa alimentar a minha necessidade de entender e planejar tudo.

Eu só preciso saber se posso falar com você sempre que tiver saudade, se posso mostrar a roupa nova que comprei na liquidação ou qualquer outra futilidade.

Se no verão vamos dividir a mesma rede na varanda de uma casa na praia, o mesmo picolé, e, quem sabe, a vida.

Se eu sou a pessoa que você vai pedir para amarrar os seus sapatos, porque você nunca aprende ou quem vai corrigir as letras das músicas que você insiste em cantar errado.

Se posso te chamar de um apelido ao mesmo tempo engraçado e carinhoso. Se posso mostrar minha vulnerabilidade, sem ter medo de você usar isso contra mim.

Se vai brigar comigo quando eu estiver errada, mas vai me defender até o fim perante outras pessoas pelo mesmo motivo.

Eu só preciso saber...

Se você vai demorar, se vai entrar, se vai esperar pelo jantar.

Eu só preciso saber se eu tenho que comprar mais comida pela manhã e se preciso também reservar mais um espaço no guarda-roupa, porque no coração você já tem.