Nem tudo é relativo
É natural aceitarmos o fato de que ninguém é feliz o tempo todo.
Mas pensar que alguém possa ser honesto de acordo com a ocasião é uma situação bem diferente.
Alguns atributos, principalmente ligados ao caráter não podem ser relativizados.
A honestidade é um deles.
Se eu disser que, “dentre as pessoas honestas do país eu sou o MAIS honesto”, estou admitindo três condições prévias:
1) a honestidade é relativa;
2) eu teria que ter feito um levantamento para medir o grau de honestidade de todas as pessoas honestas do país;
3) supondo que o índice máximo apurado fosse 90%, eu seria de 91 a 99% honesto e nunca 100%, porque eu disse “mais honesto” e não simplesmente “honesto”. Então, nesse caso, me sobraria 1% de desonestidade.
Restaria saber em que momento de minha vida prevaleceu esse 1% de desonestidade.
Portanto, uma declaração desse tipo é o reconhecimento da própria desonestidade.
Por outro lado, se eu disser que “dentre as pessoas estúpidas (no sentido de ignorantes) do país eu sou o mais estúpido”, não teria desdobramentos de interpretação.