Onde estão os detalhes!

Não quero dizer dos detalhes de nós dois. Isso já foi deliciosamente cantado na canção de Roberto Carlos. Não que eu seja fanático pelo "Rei", mas tenhamos que admitir, é um excepcional poema como tantos outros musicados por esse singular cantor brasileiro.

Quero mormente explicitar sobre os detalhes comezinhos do nosso dia-a-dia, em que muita vez, tornam-se demasiadamente insignificantes ante tantos outros ingredientes que nos ocupam o tempo. Daí o grande perigo.

Para advertir os impacientes, lembremos o marechal de Saxe: "Aqueles que cuidam dos detalhes muitas vezes parecem espíritos tacanhos, entretanto esta parte é essencial, porque ela é o fundamento, e é impossível levantar qualquer edifício ou estabelecer qualquer método sem ter os princípios. Não basta ter o gosto pela arquitetura. É preciso conhecer a arte de talhar pedras."

Dessa "arte de talhar pedras" haveria uma longa história a ser escrita, no entanto, adentremos num atalho que é nossa vida cotidiana. Não no atalho de Nelson Rodrigues - A vida como ela é - seria desgraçadamente incoveniente aos meus objetivos neste texto. Mas no atalho das menores e talvéz insignificantes partes, como por exemplo: agradecer a Deus pelo nascer do sol.

Como é perigoso negligenciar as pequenas coisas. É um pensamento bem consolador para uma alma como a minha, pouco indicada para as grandes ações, pensar que a fidelidade às pequenas coisas pode, por um progresso insensível, elevar-nos à mais eminente santidade: porque as pequenas coisas nos dispõem às grandes... Pequenas coisas, meu Deus, infelizmente dirá alguém, que podemos fazer de grande para Vós, criaturas fracas e mortais que somos. Pequenas coisas: se as grandes se apresentassem, praticá-las-íamos? Não as creríamos acima de nossas forças? Pequenas coisas: e se Deus as aceita e quer recebê-las como grandes? Pequenas coisas; acaso já as experimentamos? Acaso as julgamos pela experiência? Pequenas coisas; somos então culpados, se, formaram grandes santos! Sim, pequenas coisas mas grandes móveis, grandes sentimentos, grande fervor, grande ardor, e em consequência grandes méritos, grandes tesouros, grandes recompensas.

Pois bem, redundando sempre nos detalhes. Há uma frase que diz: "o diabo mora nos detalhes". Considero totalmente equivocada! Isso ao analisar sob a ótica da beleza e do encantamento que as vezes perdemos ao não valorar as pequenas coisas. E como são pequenas, não obstante, podem se tornar até invisíveis. E isso é o grande problema. Talvéz para mim, é muito insignificante, mas para outrem já não o é.

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 04/10/2007
Código do texto: T680796