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A sensação de desamparo é tamanha que a angústia em meu peito não cessa, o controle sobre as lágrimas já não mais os tenho, o sorriso deixou de fazer sentido diante de tudo que nos rodeia.

Se um dia foi possível acreditar na evolução positiva, no bem comum, capaz de fazer de todos irmãos, a questão que  nos aflige e nos impacta agora é a ausência total do sentimento de humanidade.

É certo que aprendemos, desde  cedo, que o ser humano possui sentimentos maravilhosos, que seriam capazes das maiores ações em prol dos seus iguais, dos seus diferentes e de toda espécie que vive sobre este planeta, e quantas fossem as características capazes de elevar este ser ao patamar mais alto da natureza, estas lhes seriam atribuídas.

Estou com a sensação de quem é traída pela história, pelo modelo de vida que me apresentaram, que me fizeram acreditar ser real, que bastava insistir, persistir e se dedicar que tudo daria certo, que o amor venceria, que valeria a pena ser justo e correto e aquele movimento seria de tamanha  inspiração, capaz de tomar a todos como uma onda que vai crescendo em velocidade e banha a praia espalhando sua energia transformadora.

Meu peito está oco, minha mente inerte, meus valores, aqueles que aprendi desde pequena, todos em xeque, um desânimo imenso toma conta do meu corpo, recolho-me a insignificância de quem nāo é capaz de mudar o imutável, de quem talvez consiga levantar e repetir ações sem nenhum entusiasmo, feito boi seguindo para o abate, marchando com os seus iguais, sem a mínima noção da tragédia para a qual se deslocam mansamente.

É mais uma assassinada, é mais um direito retirado, é mais um racista que passa, é o silêncio gritando no vazio...
Renata Rimet
Enviado por Renata Rimet em 28/11/2019
Reeditado em 29/11/2019
Código do texto: T6805946
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