OS LIMITES DO ESPÍRITO E DA RAZÃO
Os Seres Humanos são dotados da capacidade de raciocinar, dando consistência aos seus pensamentos, os quais podem se concentrar nas meditações, mergulhando em profundas reflexões racionais e espirituais. {Um momento... estou no Japão, contemplando as cerejeiras floridas... pronto já estou de volta, sentado defronte ao computador) numa viagem de segundos, mais rápida do que a velocidade da luz! Além disso, o pensamento é uma poderosa ferramenta para prospecção e sondagens, utilizado para a construção das ideias, que formam as convicções. Mas, qual é o limite do pensamento, que é o veículo que transporta a razão e o espírito, para as respectivas evoluções dos conhecimentos racionais e espirituais? Existem limites?
Ambos os limites estão nas respectivas potencialidades racionais e espirituais, onde se desenvolvem o intelecto e o espírito. Porém, no espírito há um segundo limite, que está na transposição das portas das profundezas de Deus: a concessão está no poder do Pai; a execução está a cargo do Filho; a chave se encontra com o Espírito Santo que fala por ambos; os mistérios estão em uma caixinha nas mãos de Sophia, a auxiliadora e companheira do Espírito; o receptor do galardão, que alcança o limite máximo, é o privilegiado que nasce de novo, ultrapassando a fronteira entre a racionalidade e a espiritualidade. A partir daí, morre o Homo Habilis e nasce o Homo Sapiens; morre o Cristão Histórico com a posse da fé e vinculado ao Ministério de Moisés, e nasce o Cristão Real com a posse do conhecimento de Deus e vinculado ao Ministério de Cristo, que doravante irá penetrar na substância das metáforas e parábolas, com a melhor compreensão das palavras de Cristo e dos Profetas, assim como dos escritos do Teósofo Jacob Boehme, e dos vestígios de Sophia, onde quer que se encontrem.
Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração humano, são as que Deus preparou para os que o amam. Deus, porém, revelou-as a nós pelo seu Espírito. Pois o Espírito examina todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. (I Coríntios 2:9,10)
Porque pela Graça sois salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se orgulhe. Pois fomos feitos por ele, criados em Cristo Jesus para boas obras, previamente preparadas por Deus para que andássemos nelas. (Efésios 2:8 a 10)
Os Três Princípios da Essência Divina – (Jacob Boehme)
“Durante esta vida, enquanto tua alma está ligada à vontade da mente, pode acontecer de romperes as portas das profundezas e penetrares em Deus por um novo nascimento. Pois aqui tem a amada e nobilíssima Virgem do Amor Divino (Sophia) por assistente: ela te conduz através da porta da nobre esposa que reside no centrum, no limite de separação entre o reinado do Céu e do Inferno, engendra-te do seu sangue e de sua morte na água da vida, nos quais ela mergulha e lava tuas obras falsas, a fim de que não te sigam, e de que tua alma não carregue suas marcas hediondas, mas sim seja figurada conforme a primeira imagem em Adão antes da queda: ou seja, numa pura, casta e pudica imagem da nobre Virgem (Sophia), sem nenhum conhecimento particular de teus vícios aqui embaixo”.
“O leitor não deve entender aqui que a Palavra para a Encarnação veio então pela primeira vez aqui embaixo, a partir do mais alto do Céu, além das estrelas, para tornar-se homem, como o mundo ensina em sua cegueira. Não! Quem se tornou homem foi a Palavra que Deus disse a Adão e Eva no Paraíso, a que se referia ao quebrador da serpente. Essa Palavra se representou (ou imprimiu) nas portas da luz da vida, subsistindo interiormente no centrum das portas do Céu e esperando perceptivelmente na mente dos homens santos até essa época. Essa Palavra Divina entrou de novo na Virgem da Sabedoria Divina (Sophia) que fora colocada junto do Verbo na alma de Adão, para ser uma Luz e foi dada ao Verbo como auxiliadora”.
Assim, observa-se que a nova criatura não nasceu do sangue e da carne, mas sim de Deus, no duplo e simultâneo renascimento ou ressurreição: o Cristo humanizado e o homem santificado, ou o Cristo, Filho do Homem e o Homem, Cristão Real.
A Aurora Nascente – (Jacob Boehme)
A – Deus em Si mesmo, sem nenhuma diferenciação ou distinção; o Absoluto indiferenciado e infinito; o Não-Ser que está para além do Ser e do Não-Ser; o Sem-Fundo.
B – A Tri-Unidade Divina, anterior à manifestação:
1 – A Vontade do Sem-Fundo de revelar-Se e conhecer-Se. A primeira determinação do Indeterminado. Esta primeira Vontade chama-se Deus-Pai.
2 – A Apreensão da Vontade num centro, através do qual Deus se contempla no espelho da eternidade do Sem-Fundo. Este centro é Seu Coração ou Deus-Filho.
3 – A Exalação da Vontade, Deus Espírito Santo, raiz do movimento eterno, que exprime e diferencia as idéias ou potencialidades da Sabedoria Divina, apreendidas e contempladas pelo Filho, tornando assim a Sabedoria oculta e indiferenciada, manifesta e diferenciada.
C – As sete Essências, Sementes, Forças ou Espíritos da Natureza (Deus):
1 – Adstringência – O desejo obscuro e contrativo que surge na primeira Vontade para manifestar as idéias e potencialidades substancialmente. Como a Vontade-Pai não tem diante de Si nenhuma substância com a qual possa manifestar o que contempla na Sabedoria, atrai-Se poderosamente a Si mesma e cria um fundo tenebroso.
2 – Amargor – O movimento expansivo que surge na Vontade atraída e aprisionada na treva do desejo adstringente, pois ela quer escapar da escuridão e do aprisionamento.
3 – Angústia – A dor e o movimento rotatório que resultam do combate entre as duas forças contrárias que surgiram na Vontade.
4 – Calor, Relâmpago ou Fogo. Do atrito entre as três primeiras forças: contrativa, expansiva e rotativa, resulta o Calor e, deste, o relâmpago, quando a Vontade se liberta das trevas do adstringente e contrativo desejo e introduz a liberdade na angústia das três primeiras forças.
5 – Amor – Quando a liberdade é introduzida nas três primeiras forças, elas se abrandam e se entregam suave e amorosamente umas às outras, tornando a constituírem-se numa Unidade. De contrárias, tornam-se complementares.
6 – Som ou Tom – Quando a Vontade se liberta e ilumina as Forças severas e contrárias, surge primeiro o estalo do relâmpago, depois um ressoar das Forças entremescladas.
7 – Tangibilidade ou Corporalidade – A interação das seis primeiras engendra a substancialidade, permitindo que as ideias arquetípicas não substanciais, adquiram corpos tangíveis e venham à existência manifesta.
Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Em verdade, em verdade vos digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. (João 3:3,5)