QUANDO ABRIREI OS MEUS OLHOS?
Discriminativos olhos a perceberem tão somente a forma qu'engana!
E, pelo que direito não s'enxerga, vê apenas o que se quer... ver
A luz, ó triste mundo, só tu é que não a vês!
Da felicidade a qu'eu tanto sonhava...
E no torpor daquel'hora... eis qu'eu a via
Todavia, por não notar o mal a que mim se achegava
Permite-o adentrar-se em minha morada
Quando abrirei os meus olhos?
E, por que não vejo a tod'hora,
[como o tempo a que seus olhos veem tudo?
Dos segundos e das horas a que viram o mundo nascer...
Dos séculos a que viram todas nossas glórias e pecados...
Dos instantes que a Vida não deixa nada escapar...
E destarte, tudo:
Alegrias e gozos assaltados pelas dores...
Esperanças furtadas pelas frustrações e desencantos...
Planos e projetos levados pelo tempo...
Oh! Onde está, pois a suprema bem-aventurança a qu'eu tanto anseio?
(Pelo qu'eu não, portanto, a vejo!)
Não! As estrelas também existem.. durante o dia
E, os mortos... não estão somente nos cemitérios ou velórios
Oh! Seria eu um deles?
Mirar-me-ei d'ante um espelho para que, quiçá, eu me veja!
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14 de novembro de 2019