Sem Título 3

Desde que nasci, não quero a morte para ninguém. Quero-a só para mim. Desde que conheci o mundo, não quero que ninguém se aproxime dela. Apenas eu. Se alguém se aproximar dela, que seja para me levar. Me disseram que é pecado procurar por ela. Pois eu não procuro. Quero que me encontre. Sou incapaz de levar a morte até para o mais pequeno dos seres. Insetos não merecem morrer. Mas eu mereço. Não digo isso como algo ruim. Seria um presente. Que ela me encontre desprevenida, algum dia, e me presenteie consigo mesma. Quero possuí-la em meu corpo, em minha mente, em meu espírito. Já fiz de tudo para buscá-la, e ela se esquivou. Preciso estar mais em contato com ela, durante o sono, quando meus sinais vitais estão mais fracos. São os únicos momentos em que me sinto bem. E isso é uma amostra do que ela proporciona. A vida, eu odeio, por isso, te desejo. Estou à sua eterna e incessante procura, e meu espírito desconsolado não descansará enquanto não te encontrar. Você é meu objetivo maior, o que eu mais quero. Eu nasci para isso, pois é nisso que penso em cada segundo do meu dia: viver à sua procura, e, de repente, ser surpreendida, e, finalmente, descansar.