A Vida útil [...]

“As pessoas tendo até 70 anos já está bom, pois o que passar disso é só cansaço e enfado, disse o Rei Davi num dos seus Salmos (90.10 ‘A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente e nós voamos’). Ainda que, hoje, muito se busque ter uma longevidade cada vez mais duradoura; as academias e os profissionais de estética que o digam.

E as coisas? O acúmulo desenfreado por elas, aquelas que você compra mas nunca usa, ou só precisou dela por uma única vez? Ela também ficará velha, obsoleta, imprestável ou as três características juntas, porquanto com o tempo tudo ficará para traz, passará, ou mesmo não terá mais serventia, ou seja, não prestará. Parece que não é só o homem que tende a voltar a ser pó; engano correr atrás de bens materiais, futilidade total.

Quanto ao tempo de cada coisa, a sua vida útil. Lembra do dia que você conseguiu terminar um perfume, e percebeu, exatamente a sua vida útil- quanto tempo ele durou? Se valeu o dinheiro pago, se ele ‘se pagou’? Não sendo doido ou mão de figa, mas é interessante perceber o rumo da sua vida, dos seus gastos e, principalmente, das suas condutas, além das contas, é claro.

Pesquisas dizem que, na atual sociedade do consumo, o homem é o que, corriqueiramente faz, isto é, o que mais executa diz muito sobre quem se é, sobre o seu interior identitário.

E, o ato de perceber as próprias condutas, de autoanalisar-se, de melhorar e reaproveitar as coisas, evitar o desperdício de tudo, inclusive de tempo é crucial para que reconheça sua própria identidade; ou no que estar-se tornando, se é que já não se formou enquanto tal.

Por isso, faça o teste: Tente lembrar o dia que você conseguiu terminar de usar algo em vez de descartá-lo antes do seu fim natural. Em vez de permanecer acumulando sem sentido coisas que terão o mesmo fim que você: a morte.

E digo isso para alertá-lo acerca da perecividade da vida, das coisas e das pessoas.

Mas ainda dá tempo, não de evitar o fim natural das coisas ou das pessoas, mas de utilizar casa milésimo de segundo com responsabilidade, pois foi para isso que você recebeu o presente chamado: Vida. E que deve ser útil, ou seja, utilizada com a mais completa integridade pelo seu titular. Não adiante o seu processo de degeneração ficando parado, seja útil, se faça útil.”