INSATISFAÇÃO
Em nossa intencionalidade, fazemos o possível para satisfazer nossas necessidades, mas não experimentamos a permanência dos desejos subjacentes à vontade de viver como o núcleo de toda a existência, pois, sem significado e representação, a existência alterna entre a vontade e a coisificação das coisas, nos tornando carentes na materialização de necessidades e desejos difíceis de realizar, nos levando à indiferença, desgosto e ao enfado.
Seria a liberação desses constantes desejos possíveis através da arte, da contemplação consciente da doutrina de pensamento, disciplina e o autocontrole circunscrito do corpo e do espírito em direção à verdade ou à virtude, levando ao fim do sofrimento trazido pela luxúria, vontade e ilusão? Ou, a reconciliação com o passado, nos distanciaria da negatividade e autodestruição que suprime a criatividade e nos nega a vida?
A história relata que a felicidade não está ligada ao sucesso, à riqueza ou status, e, que o amor raramente traz momentos findáveis de verdadeira felicidade. Também, o mundo moderno vivencia uma onda de desespero, ansiedade e infelicidade.
Na atualidade, o comércio intensamente direcionado, que nos impulsiona aos meios de sustentar nossas aspirações à felicidade interminável, encolheu a relevância da vida e a liberdade em comparação à procura pela felicidade que aparenta transcender um estado de ser, e se torna numa meta que consome tudo em nossa existência, enquanto dita que a felicidade é algo raro.
O momento nos favorece com uma cultura e tecnologia abrangente atendendo nossas necessidades de conforto, saúde, educação, segurança, transporte, contato e diversão e, para alguns, a crença subjetiva numa origem comum que une indivíduos distintos, o senso de pertencer e estimar seus semelhantes e pares que, também, não escapam do sentido de vazio, inquietação e ansiedade, incapazes de lidar com a interioridade e pequenas frustrações, e entediados sem mediação aparente para confortá-los.
Aparentemente, apesar das oportunidades da vida moderna, a questão não se resume na posição e momento de nossa natureza, mas, na incompletude de nossas realizações terrenas na ausência da observação do divino.