Em meu íntimo

No meio dos olhares, geométricos ou abstratos, sou somente folha que voa aos milhares no gentil sussurro daquele que não se agrada com minha forma espacial. Pois da minha altura e largura, o que mais o intriga é a profundidade até onde ecoa a música no meu ensurdecedor silêncio.

Aos montes, me deformo ao esboço do presente, sabe meu inconsciente quão valente é a dor de um descaso, vou me cansando desse sentimento cor pastel tão suave ao ouro fosco do meu anel que dependendo de mim, perpetua supra minha existência.

Seria rude da minha parte dizer quão vil seria minha perpétua relutância de aceitar a satisfação, tão trivial e antagônico quanto minha persistência em querer morder a água. Acaba que a responsabilidade sinalagmática entre amor e dor é espuma e isopor no coração de um homem nas próprias brumas de confusão, mas os digo, mesmo que para um texto solitário digo,somente eu sinto, e descubro da pior forma o que arde nos corredores da minha carência, meu maior male que seca até os ossos são e estão no meu íntimo, aquilo que sou e nunca admiti:

A fúria de um homem gentil.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 31/10/2019
Código do texto: T6784120
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